Guarda: Semanário diocesano celebrou 120 anos de história

D. Manuel Felício desafiou o jornal a posicionar-se diante do digital

Guarda, 16 mai 2024 (Ecclesia) – O bispo da Guarda afirmou esta quarta-feira, na sessão comemorativa dos 120 anos do jornal “A Guarda”, que o semanário “tem que saber posicionar-se” diante do digital, na certeza de que permanece o “compromisso com a verdade e com a justiça”

“O nosso Semanário também tem que saber posicionar-se diante desta realidade digital, que começa a ser cada vez menos nova. O que continua a estar em causa é o renovado compromisso com a verdade e com a justiça, para promover a autêntica dignidade das pessoas, nas novas circunstâncias que a todos nos envolvem”, disse D. Manuel Felício.

Esta quarta-feira, o jornal “A Guarda” assinalou os 120 anos de história com a inauguração da exposição “Jornais Centenários do Brasil e de Portugal: Um Legado Cultural”, onde se inclui o semanário diocesano, assinalando a “mudança de época” que está em curso também na comunicação e identificando o papel dos meios de comunicação social, neste contexto.

Na sua intervenção, o bispo da Guarda identificou três passos “que devem ser dados no caminho da comunicação, para promover o bem das pessoas”.

“Comunicar não pode ser apenas informar; mas principalmente educar as pessoas, desde as gerações mais novas às de idade mais avançadas, procurando sempre desfazer muros e fazer pontes entre elas. E ajudá-las também a perceber que o digital e as redes sociais trazem-nos novas possibilidades, mas exigem discernimento, quanto ao seu uso”, afirmou D. Manuel Felício.

O bispo da Guarda referiu depois que “a defesa dos mais fracos da sociedade”, tando pessoas como grupos, é outro papel dos meios de comunicação social, “a começar pelos idosos, pelos menores e pelos que são portadores de especiais deficiências”.

“O que se pede a quem comunica é que saiba proteger, por palavras e por imagens, a dignidade de todas as pessoas, a começar pelos mais pequenos e pelos pobres, precisamente aqueles que são os preferidos de Deus”.

D. Manuel Felício disse também que o “testemunho em assuntos de verdade e de justiça”, capaz de “servir o bem de todos e de cada um” é uma exigência dos media, nomeadamente na possibilidade de “denunciar os erros e, por outro, propor caminhos ajustados ao bem de todos”.

“É necessário apontar, com coragem, as metas da fraternidade, sempre e em todas as situações, num mundo que parece cada vez mais resignado à lei do individualismo despótico e chamar a atenção para a realidade dos pobres e dos abandonados, num mundo da indiferença crescente”, sublinhou.

O bispo da Guarda felicitou o semanário “A Guarda” pelos 120 anos “ao serviço da Igreja e da sociedade”, assim como a livraria e casa editora “Veritas”, que garante “o funcionamento regular deste Semanário”.

“Ao celebrarmos a notável efeméride destes 120 anos é importante olhar à história vivida, procurando retirar dela todas as lições que se impõem; mas é ainda mais importante olhar em frente, para o futuro que nos espera e que temos a obrigação de saber preparar bem”.

Sérgio Costa, presidente da Câmara Municipal da Guarda, lembrou o papel do semanário da cidade na Primeira República, durante as duas guerras mundiais e também na pandemia de COVID-19, referindo que o jornal se destacou “pela sua análise e pela capacidade de contextualizar eventos globais no cotidiano local”.

“O seu saber-fazer garantiu que os leitores não apenas recebessem notícias, mas também compreendessem o impacto dessas notícias nas suas vidas”, afirmou.

“A história do Jornal A Guarda é uma história de resiliência, adaptação e compromisso com a verdade. É um exemplo brilhante de como a imprensa regional pode servir como um pilar de uma comunidade informada e coesa. O jornal não só informa, mas também ajuda a educar, a conectar e a inspirar, desempenhando um papel vital na vida da nossa comunidade.”

O presidente da Câmara Municipal da Guarda dirigiu os parabéns ao jornal pelos seus 120 anos de “serviço inestimável”, desejando que continue a iluminar o “caminho com jornalismo de qualidade, integridade e compromisso”.

O atual diretor do semanário “A Guarda” lembrou que o semanário “tem pugnado pela defesa da liberdade e da formação próxima das pessoas” desde a sua primeira edição, no dia 15 de maio de 1904, quando foi fundado por D. Manuel Vieira de Matos, bispo da Guarda no início do século XX, reafirmando a importância da imprensa regional “no combate pela liberdade”, uma realidade que “está sempre ameaçada”.

“Estamos agora perante novos desafios resultantes da globalização, das novas redes sociais e tecnologias de informação e dos grandes monopólios económicos que tentam também apoderar-se de toda a rede de comunicação”, alertou o padre Francisco Barbeira.

O diretor do semanário “A Guarda” agradeceu aos leitores, assinantes e todos os colaboradores, lembrando que o jornal “é património da cidade, da diocese, da região e, porque não, da cultura portuguesa” e vai continuar a apostar na “informação de verdade e de proximidade”.

PR

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