Jornadas Pastorais, em Fátima, dedicadas a questões de liderança e organização das instituições Os Bispos portugueses estão a estudar a criação de uma central de compras comum a todas as dioceses que garanta poupanças e economias de escala, revelou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Falando no final das Jornadas Episcopais que foram dedicadas a temas de gestão e liderança, D. Jorge Ortiga explicou que agora os Bispos deverão reunir com “os seus conselheiros mais próximos para definir o que se pode fazer para motivar os padres para esta nova maneira de gestão” partilhada dos recursos. A gestão dos cartórios paroquiais, instituições de solidariedade, centros paroquiais ou equipamentos eclesiais devem ser assim partilhados com os leigos, levando os padres a concentrarem-se mais no trabalho pastoral. “Uma paróquia ou uma diocese não são comparáveis com uma empresa”, mas pode haver “alguma aprendizagem” com os modernos meios de gestão, defendeu o presidente da CEP. Por isso, os Bispos vão apostar na “concentração de efectivos” e na criação de uma “central de compras”, optimizando também o trabalho dos funcionários. D. Carlos Azevedo, secretário em exercício da CEP, refere que um dos ensinamentos mais importantes destes dias se relaciona com a necessidade de uma visão estratégica antes do planeamento. “É necessário que todas as pessoas que vão estar implicadas nas decisões possam estar muito bem conscientes da visão estratégica. É necessário fazer uma análise dos meios mas, ao mesmo tempo, ter inovação pensada com algum prazo, três a cinco anos”, afirma. Quinta-feira, após a assembleia plenária extraordinária da CEP, D. Carlos Azevedo frisou que à Igreja Católica não basta ter “só boa vontade”, pois “num tempo como o que vivemos, em que a competência deve atravessar os nossos modos de funcionar e de tomar decisões, queremos ouvir quem é perito”, de forma a que as respostas da Igreja possam “ser mais eficientes e mais eficazes”, disse o porta-voz do episcopado. Competência É precisamente nas ideias de eficácia, eficiência e competência que mais insiste o secretário-geral da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), que ajudou à realização das jornadas apoiando a organização das mesmas. Jorge Líbano Monteiro destaca à Agência ECCLESIA a boa adesão dos Bispos às propostas de modernização administrativa das estruturas da Igreja Católica. Nas Jornadas Pastorais de 2008, as palavras-chave foram liderança, estratégia, gestão financeira e transformação. Durante os três dias de trabalhos, os Bispos fizeram trabalhos de grupo e ouviram os “mais modernos ensinamentos de gestão”, procurando ter “uma visão da gestão e do mundo empresarial” e os pontos de ligação que isso poderia ter para a Igreja. Apesar de saber que “as dioceses são independentes entre si”, Jorge Líbano Monteiro acredita que é possível “conciliar o trabalho em comunhão para ganhar economias de escala”, para “chegar a mais gente e ser eficaz” na forma como a Igreja chega às pessoas. Neste contexto, foram analisados casos de grandes companhias internacionais que sofreram “grandes transformações”, fugindo da “falência”, embora se destaque que o caso da Igreja é um caso de sucesso. Líbano Monteiro defendeu, também, que as delegações de competências dos padres para os leigos devem estar inseridas numa nova orgânica interna da Igreja que garanta mecanismos de controlo, mas evitando que os padres percam “demasiado tempo com a parte admnistrativa”. “A Igreja não pode continuar a ser amadora”, assinala o secretário-geral da ACEGE, pedindo “competência” para evitar o «pecado» da “ineficiência”. Redacção/Lusa/RR