Francisco recebeu em audiência responsáveis internacionais a quem pediu para levarem o movimento para as paróquias como forma de superar o clericalismo e viver «matrimónio cristão» em comunidade
Cidade do Vaticano, 04 mai 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco recebeu hoje os responsáveis internacionais do Movimento das Equipas de Nossa Senhora (ENS), assinalando o “precioso trabalho” que realizam para a Igreja e a quem pediu para cuidarem dos casais mais novos.
“Cuidai deles! É importante que os recém-casados vivam uma mistagogia nupcial, que os ajude a experimentar a beleza do seu Sacramento e uma espiritualidade de casal. Nos primeiros anos de casamento, é particularmente necessário descobrir a fé no casal, saboreá-la, saboreá-la aprendendo a rezar juntos. Muitos casam-se hoje sem compreender o que a fé tem a ver com a sua vida conjugal, talvez porque ninguém lhes deu testemunho antes do matrimónio. Convido-vos a ajudá-los num caminho ‘catecumenal’ de redescoberta da fé, tanto a nível pessoal como de casal, para que desde o início aprendam a dar espaço a Jesus e, com Ele, possam cuidar do seu matrimónio”, pediu aos responsáveis recebidos em audiência.
Francisco manifestou-se preocupado com os jovens que necessitam descobrir “o matrimónio cristão” como “vocação” e partilhou sentir isso como “uma urgência no mundo de hoje”.
“Hoje em dia, pensa-se que o sucesso de um casamento depende apenas da força de vontade das pessoas. Não é verdade. Se assim fosse, seria um fardo, um jugo colocado sobre os ombros de duas pobres criaturas. O matrimónio, pelo contrário, é um “passo a três”, em que a presença de Cristo entre os noivos torna possível o caminho, e o jugo se transforma num jogo de olhares: um olhar entre os noivos, um olhar entre os noivos e Cristo”, indicou.
Os responsáveis internacionais das equipas de Nossa Senhora foram impulsionados a levar o movimento para as dioceses e paróquias, envolvendo os padres no seu trabalho para que “os leigos e os sacerdotes descubram a sua riqueza e necessidade”.
“Isto ajudará a superar o clericalismo que torna a Igreja menos fecunda; e ajudará também os casais a descobrir que, através do matrimónio, são chamados a uma missão. De facto, também eles têm o dom e a responsabilidade de construir, juntamente com os ministros ordenados, a comunidade eclesial”, sublinhou.
Francisco reconheceu que o trabalho das ENS é “precioso para a Igreja” pelo acompanhamento que realiza aos casais para que estes “não se sintam sós nas dificuldades da vida e da sua relação conjugal” e indicou que acompanhar casais é “uma verdadeira missão”.
“Sois a expressão da Igreja «em saída», próxima das situações e dos problemas das pessoas e empenhada sem reservas no bem das famílias de hoje e de amanhã”, focou.
O Papa pediu para que, no acompanhamento aos casais, “não deixeis acumular sofrimentos e feridas na solidão das suas casas”.
“Salvaguardar o matrimónio significa salvaguardar toda uma família, significa salvar todas as relações que são geradas pelo matrimónio: o amor entre os cônjuges, entre pais e filhos, entre avós e netos; significa salvar aquele testemunho de um amor possível e para sempre, no qual os jovens têm dificuldade em acreditar. Os filhos, de facto, precisam de receber dos pais a certeza de que Deus os criou por amor e que, um dia, também eles poderão amar e sentir-se amados como o pai e a mãe. Tenham a certeza de que a semente do amor, colocada nos seus corações pelos pais, brotará mais cedo ou mais tarde”, valorizou.
O Movimento das ENS organiza, em julho, em Turim, um encontro internacional e o Papa pediu que nesse trabalho não seja esquecido o caminho sinodal que a Igreja católica vive.
“No meio do caminho sinodal que estamos a viver, que seja também para vós um tempo de escuta do Espírito e de programação fecunda para o Reino de Deus”, finalizou.
LS