Sofia e João apadrinharam dois irmãos, em 2019, que estavam há três anos e meio numa instituição
Lisboa, 04 mai 2024 (Ecclesia) – Sofia Oliveira Costa, de 55 anos, tem quatro filhas, fruto do casamento com o marido João e, desde 2019, que com a família vivem mais dois jovens, apadrinhados pelo casal.
Os dois sempre falaram na possibilidade de vir a “adotar uma criança”, quer tivessem ou não filhos biológicos, e conheceram a realidade do apadrinhamento civil através dos “Amigos p’ra vida”, ligado à associação Candeia, uma Instituição Particular de Solidariedade Social.
“O João começou por dar apoio, de facto, à casa [de acolhimento] onde moravam os irmãos, e era voluntário lá, e era voluntário do rapaz”, explica Sofia, que acrescenta que o menor tinha uma irmã de quem era muito próximo na instituição, tendo os dois começado a ir para a casa do casal.
“O projeto de vida deles foi decretado pelo juiz, e eles teriam que ir para o apadrinhamento. E a diretora da casa falou-nos se nós não estaríamos dispostos a sermos nós os padrinhos, visto que já tínhamos uma relação com eles”, conta a arquiteta, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Sofia e João Oliveira Costa apadrinharam os jovens, em 2019, quando tinham 9 e 10 anos, pouco tempo antes de o país entrar em confinamento: “Depois entrou a Covid-19, foi assim um bocadinho dramático por um lado. Por outro lado, eu acho que também nos obrigou a fazer mesmo uma absorção total da nova família, porque de repente seis passámos para oito”.
O apadrinhamento civil caracteriza-se por ser uma relação jurídica do tipo familiar que se constitui entre uma criança ou jovem com menos de 18 anos e uma pessoa singular ou família, a quem são atribuídas as responsabilidades parentais, e entre quem se estabelecem vínculos afetivos; os pais continuam a ter o direito de manter o relacionamento com a criança.
A família fez uma surpresa aos irmãos, que estavam há três anos e meio na instituição e que não sabiam que num dos fins de semana ficariam para sempre na casa de Sofia e João.
“A diretora da casa começou a prepará-los e eles quiseram ir ao juiz dizer que queriam ir lá para casa”, afirma Sofia, que refere que no dia da surpresa, os irmãos foram recebidos em festa.
“Chegaram dos escuteiros e tinham assim uma festa, fizemos todas umas bandeirolas a dizer bem-vindos a casa, fizemos um bolo e foi uma coisa de família”, revela.
Sobre a adaptação familiar, Sofia Oliveira Costa descreve que “todos os dias é um desafio”, uma vez que os seis, filhas e afilhados, “são completamente diferentes” e “têm feitios diferentes”.
“A instituição tem uma vida completamente diferente. Eles são super bem cuidados, pelo menos onde eles estavam, super. Mas é uma vivência diferente, porque eles acordam com uma pessoa, almoçam com outra, lancham com outra e deitam-se com outra”, salienta.
Sofia considera que os afilhados, com agora 14 e 15 anos, estão hoje completamente integrados na família e “a anos-luz” de como chegaram: “Eu noto um crescimento enorme. Eu acho que são miúdos completamente diferentes”.
Para Sofia Oliveira Costa os dois irmãos são como filhos, “o tratamento em casa é exatamente a mesma coisa”.
“Eles vivem sempre connosco. Todas as decisões são tomadas por nós. A diferença para a adoção maior é que não são perfilhados”, refere.
O programa 70×7 deste domingo, transmitido pelas 07h30, na RTP2, no Dia da Mãe, vai destacar diferentes formas de viver a maternidade.
LJ/OC