Bento XVI sublinha importância da reflexão filosófica

Bento XVI sublinhou este Sábado, no Vaticano, a importância da reflexão filosófica, “investindo energias intelectuais e nela envolvendo as novas gerações”. O apelo foi lançado aos participantes no VI Simpósio europeu de Docentes universitários, que tem lugar em Roma, este fim-de-semana, sobre o tema “Alargar os horizontes da racionalidade. Perspectiva para a Filosofia”, no décimo aniversário da Encíclica “Fides et Ratio”, de João Paulo II. Sublinhando a “urgência de relançar nas Universidades (e nas Escolas em geral) o estudo da Filosofia”, Bento XVI observou que este estudo tem o seu lugar no actual “cenário histórico e cultural”. “A crise da modernidade não é sinónimo de declínio da filosofia”, sublinhou, referindo também que “a filosofia deve empenhar-se num novo percurso de investigação para compreender a verdadeira natureza dessa crise e identificar novas perspectivas”. Segundo o Papa, quando “bem compreendida, a modernidade revela uma questão antropológica que se apresenta de um modo muito mais complexo e articulado do que o que acontecia nas reflexões filosóficas dos últimos séculos, sobretudo na Europa”. “A modernidade não é um simples fenómeno cultural, historicamente datado. É uma realidade que implica uma nova projectualidade, uma compreensão mais exacta da natureza do homem”, prosseguiu. Bento XVI encontra nos escritos de importantes pensadores contemporâneos uma reflexão honesta sobre as dificuldades que se contrapõem à resolução desta prolongada crise. “A abertura de crédito que esses autores propõem em relação às religiões e, em particular, ao cristianismo, é um sinal evidente do desejo sincero de fazer sair da auto-suficiência a reflexão filosófica”, assegura. Como escreveu na Encíclica “Spe salvi”, o Papa destacou que “o cristianismo não é apenas uma mensagem informativa, mas performativa”, ou seja, “não se pode encerrar a fé cristã no mundo abstracto das teorias; há que situa-la numa experiência história concreta que atinja o homem na mais profunda verdade da sua existência”. “A proposta de alargar os horizontes da racionalidade não deve ser simplesmente incluída entre as novas linhas de pensamento teológico e filosófico, mas tem de ser compreendida como o pedido de uma nova abertura em direcção à realidade a que está chamada a pessoa humana na sua uni-totalidade, superando velhos preconceitos e reducionismos para abrir-se assim o caminho em direcção a uma autêntica compreensão da modernidade”, indicou. Bento XVI considera que não se pode descurar o desejo de uma humanidade plena; aguardam-se propostas adequadas. E “a fé cristã está chamada a assumir esta urgência histórica, envolvendo nesta empresa todos os homens de boa vontade”: “O novo diálogo entre fé e razão que hoje se requer não pode ter lugar nos termos e modos do passado. Não se pode reduzir a um estéril exercício intelectual. Deve partir da actual situação concreta do homem, desenvolvendo sobre ela uma reflexão que recolha a verdade ontológica-metafísica do mesmo”, concluiu. (Com Rádio Vaticano)

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