Diocese promove encontro dedicado ao tema «Quem é o meu próximo?»
Angra do Heroísmo, Açores, 20 abr 2024 (Ecclesia) – O Serviçoda Pastoral Social da Diocese de Angra promove hoje um encontro regional, com o tema ‘Quem é o meu próximo?’, apresentado por Eugénio Fonseca, presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado.
“Vivemos numa civilização que apela à cultura do individualismo e contribui, em profundidade, para dois dos maiores flagelos sociais hodiernos que é a solidão e a indiferença. Sem dúvida que o modo de vencer estas questões é a criação de um novo modelo civilizacional que permita a consciência clara de que ‘estamos todos no mesmo barco’ e que ninguém é feliz sozinho”, disse Eugénio Fonseca, ao portal online diocesano ‘Igreja Açores’, a partir do tema do encontro da Pastoral Social.
Segundo o presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado, há que descobrir “novas formas de relação entre as pessoas” que passem por uma maior proximidade, reinventar outras formas como as designadas ‘redes de vizinhança”, e exemplifica com a transformação das relações de condomínio em espaços comunitários, novas formas de lazer proporcionadas pelas coletividades de cultura, recreio e desporto.
O Encontro Regional do Serviço Diocesano da Pastoral Social da Diocese de Angra, com o tema ‘Quem é o meu próximo?’, vai realizar-se este sábado, num regime híbrido, presencialmente, no Centro Pastoral Pio XII, em Ponta Delgada, e transmitido para todas as ilhas açorianas, através da plataforma Zoom, das 09h30 às 17h00.
“Não se trata de um encontro de católicos, mas é um convite a todas as pessoas que estejam disponíveis para discutir e refletir sobre o que cada um pode fazer pelo outro”, assinalou a diretora da Pastoral Social de Angra, Piedade Lalanda, alertando que “não basta visitar o templo, dar uma esmola e à saída virar costas”.
Para Eugénio Fonseca é preciso “dinamizar o voluntariado cristão” junto dos que se “limitam a participar nas eucaristias dominicais”, porque nessas assembleias “há gentes com competências técnicas” que poderiam dar do seu tempo “sem terem a obrigação de integrar qualquer organismo caritativo”.
O antigo presidente da Cáritas Portuguesa observa que “é vulgar” dizer-se que a Igreja fez a opção preferencial pelos pobres, mas isso, “infelizmente, ainda não é uma realidade na Igreja portuguesa”, referindo que se calcula que “mais de metade das paróquias ou unidades pastorais não têm a pastoral social organizada”, mas não é por se ter um Centro Social Paroquial a funcionar que essa “constatação deixa de ser verdadeira”.
Segundo o conferencista, os pobres de hoje são algumas das pessoas que se encontravam na “classe média baixa, ou até mais acima, que, facilmente, ficam no limiar da pobreza” com as medidas económicas impostas, devido à contração da economia, mas indica que também tem aumentado “o número de migrantes pobres, sobretudo os que foram vítimas de embustes”, e existem também “mais jovens adultos com menos autonomia financeira”.
“Na causa deste tipo de pobreza está uma política de baixos salários praticada nos últimos anos e a inflação de bens essenciais como seja o do acesso à habitação. Os jovens com menos sucesso escolar e que vão ficando para trás. Os desempregados de longa duração que representam 46,7% dos 17% da população portuguesa que se encontra no limiar da pobreza. Acrescentaria ainda as famílias monoparentais, alguns dos cuidadores, ditos, informais, a pobreza infantil e os trabalhadores pobres”, explicou o presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado, ao sítio online ‘Igreja Açores’.
O programa do Encontro Regional da Pastoral Social da Diocese de Angra, na manhã deste sábado, conta com a conferência de Eugénio Fonseca, intervenções do bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, e Piedade Lalanda, com tempo para debate; da parte da tarde, vão desenvolver dinâmicas de grupo, e partilhar as conclusões.
CB/OC
Pastoral Social: Diocese de Angra promove encontro regional «Quem é o meu próximo»