Uma ideia para o Sameiro

O cónego José Paulo Abreu está ainda há pouco tempo à frente da Confraria de Nossa Senhora do Sameiro mas afirma já ter «uma ideia» para a realidade que todo aquele complexo religioso comporta. Tendo “herdado” uma realidade que estava sob alçada do falecido cónego Melo, certo é que as alterações não se fizeram esperar e a Peregrinação Arquidiocesana ao Sameiro de amanhã já incorpora algumas das que sucederão num futuro próximo. Indicando que «o Sameiro tem de ser lido em várias linhas» e, uma delas é a da devoção, o presidente da confraria sustenta que essa não se alterará pela razão de ter entrado. Para além disto, destaca o também Vigário Geral, «o Sameiro tem para a Arquidiocese de Braga um papel catalizador e unificador; é o grande púlpito usado muitas vezes pelos arcebispos para transmitir importantes mensagens aos que lhe estão confiados; é o palco de importantes iniciativas que congregam toda a diocese». Acontece que «isto também não será alterado», garantiu. Certo é que «o Sameiro continuará a ter a mesma visibilidade e o peso na vida arquidiocesana que teve até agora», acrescentou. Em termos do serviço diário, da assistência aos fiéis e das celebrações regulares, o cónego José Paulo Abreu afasta qualquer mudança. «Nada será alterado até porque são tarefas que estão confiadas a dois sacerdotes», frisou. Onde podem surgir mudanças é a nível da envolvente aos espaços sagrados e na albergaria/centro apostólico. «É óbvio que tenho uma ideia para o Sameiro», afirmou o cónego José Paulo Abreu. Contudo, «é uma ideia que não vou impor mas que apresentarei aos restantes membros da confraria», asseverou. Indicou que haverá alguns ajustamentos a fazer sendo que os mesmos passam pelo incremento dos espaços verdes e de utilização religiosa. «Quanto à Albergaria/Centro Apostólico é uma estrutura nova que temos de potenciar», afirmou. «Faço questão que o carácter pastoral com que aquela casa nasceu, o intuito evangélico com que foi criada não se perca apesar de ser, agora, também albergaria», explicou o cónego José Paulo Abreu. Peregrinação com alterações A Peregrinação Arquidiocesana ao Sameiro é a primeira prova de fogo do novo responsável da confraria. Ainda assim foram introduzidas duas alterações que serão avaliadas. A primeira refere-se à alteração do local da celebração da missa solene. Do espaço frontal à cripta, o local da celebração é agora transferido, «por três razões», para a avenida do cruzeiro. «Foi o palco da celebração da missa presidida pelo Papa João Paulo II na sua visita a Braga, há 25 anos, uma efeméride que tem passado ao lado dos bracarenses e que representa uma honra que tão cedo não se deverá repetir», justificou o cónego. «É pena que não sintamos orgulho nesta história recente da cidade e da arquidiocese», lamentou o responsável indicando que aquela «é uma forma de reavivarmos esse acontecimento que é uma glória de Braga». Por outro lado, justificou, foi demolido o altar que existia no terreiro frontal à cripta, pelo que «não fazia sentido manter-se a celebração no mesmo local, só que, desta vez, numa estrutura provisória». Uma terceira razão aponta para o facto da avenida possibilitar «outra dignidade à celebração e uma centralidade ao altar». «Na avenida as pessoas estão mais concentradas», explicou o cónego, avançando ser «muito mau as pessoas participarem na peregrinação e não ficar para a missa». Outra das alterações visa «potenciar a dignidade da chegada da procissão ao santuário». Em vez de acabar num atalho, a procissão será encaminhada sem grandes obstáculos até ao local da celebração eucarística. Exigida abnegação aos confrades Tendo “herdado” a equipa formada pelo falecido presidente da confraria, o cónego José Paulo Abreu refere que «o importante nestas instituições é a atitude com que as pessoas estão». Questionado sobre que atitude espera dos restantes membros, o novo presidente responde: «espero uma atitude de serviço abnegado, entendido por cada um num contexto de Igreja e de piedade popular». E acrescentou: «já pude comprovar a generosidade das pessoas pelo que, havendo aqueles sentimentos básicos, poderemos continuar a trabalhar, sem que tenhamos grandes dificuldades em assumir uma equipa já formada». Estátua ao antecessor é assunto prematuro Questionado sobre se o Sameiro será o local mais indicado para acolher um busto ou uma estátua do monsenhor Eduardo de Melo Peixoto, o cónego José Paulo Abreu considera que se trata de um «assunto que terá de ser tratado com muita calma». «Com todo o respeito que tenho pelo monsenhor Melo, por essa mesma razão considero que ele deve ter paz e sossego», afirmou. De momento, defendeu, «respeitaríamos mais a memória de monsenhor Melo se deixássemos tudo acalmar e, em vez de andarmos já a pensar em erguer-lhe estátuas, rezássemos pelo seu eterno descanso». «Precipitar já uma homenagem não é dignificar a pessoa do homenageado», rematou.

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