João Maria da Rocha Peixoto Cameira, Diocese de Bragança-Miranda
“O bem não faz barulho, mas constrói o mundo”, afirmou o Papa Francisco.
Muitas vezes, as ações positivas que contribuem para o bem, ocorrem de forma silenciosa e discreta, sem grande divulgação nos órgãos de comunicação social ou ampliação nas redes sociais. Muitas vezes, a discrição protege os beneficiários e, para quem pratica o bem, os sorrisos, abraços e palavras, são o bálsamo para continuar a construir mundo!
E que mundo temos estado a construir!? Cada vez mais imprevisível e ruidoso!
Imprevisível em termos políticos, com eleições, demissões e corrupções. Imprevisível em termos de aumentos, nos bens alimentares, nos combustíveis, nas rendas, etc. Imprevisível em termos de saúde, com pandemias, surtos e outros sustos. Imprevisível até nas relações pessoais, quando a superficialidade das redes sociais, destrói a confiança das relações humanas!
Ruidoso nas diferentes guerras que acontecem a nível mundial. Ruidoso nas cidades cada vez mais movimentadas. Ruidoso nos debates cada vez mais estéreis. Até o ambiente tem estado ruidoso, com tempestades, vulcões e inundações!
Frédéric Lenoir, sociólogo, filósofo e escritor francês, explora nas suas publicações, as questões da ética e da confiança, detendo esta última, um papel essencial num mundo tão imprevisível e ruidoso.
A confiança ajuda a construir relações sólidas, quer seja em contexto familiar, de amizade, de trabalho, etc. Esta confiança é a base para enfrentarmos desafios e imprevistos, nomeadamente através da colaboração e cooperação, uma vez a confiança é essencial para estabelecer parcerias sólidas entre indivíduos, organizações e países. Só a confiança mútua permite a cooperação que ajuda a ultrapassar os desafios comuns.
A confiança, em tempos de imprevisibilidade, contribui para a resiliência, aumentando a capacidade de enfrentar e responder a desafios. Pessoas e organizações que confiam umas nas outras estão mais preparadas para se adaptar a mudanças, superar obstáculos e lidar com situações imprevisíveis de maneira mais eficaz.
A confiança é indutora da inovação pois, quando as pessoas confiam umas nas outras, há mais possibilidade de trocarem novas ideias, projetos e iniciativas. E a confiança está também interligada à capacidade de tomar decisões com rapidez e eficiência. Se confiamos nas intenções e projetos dos outros, a capacidade de tomar decisões conjuntas é mais imediata.
A sensação de pertença a comunidades, seja no trabalho, em associações, grupos informais e outros, proporciona um apoio emocional e psicológico que ajuda a reforçar a confiança e o bem-estar social.
E como podemos todos ajudar a construir um mundo melhor?! Através da confiança!
João Maria da Rocha Peixoto Cameira, Vice-presidente do Centro Social Paroquial do Santo Condestável (Bragança) Presidente do Lions Clube de Bragança.