Igreja em Lisboa prepara o futuro

D. José Policarpo fala dos desafios que se colocam aos católicos da capital portuguesa A Igreja Católica em Lisboa celebra este Domingo, 18 de Maio, o Dia da Igreja Diocesana. Além de ser um acontecimento de “expressivo significado da comunhão de toda a Igreja de Lisboa”, à volta do seu Bispo, o Cardeal-Patriarca, é também o momento escolhido para a apresentação do Programa de Ano Pastoral 2008-2009, que se inicia em Setembro. Na introdução deste programa, D. José Policarpo refere que “os inquéritos realizados na Diocese como preparação do Sínodo dos Bispos forneceram-nos indicadores preocupantes: a Palavra inspirada é pouco acolhida como meio de escutar a Palavra viva de Deus”. “Sem essa experiência maravilhosa de intimidade com Deus, acolhendo a Sua Palavra, tudo é construído sobre a areia: a fé, enquanto abandono confiante a Deus que nos fala em Jesus Cristo; a celebração da fé, cuja profundidade é revelada pela Palavra; a fidelidade cristã expressa nos comportamentos dignos de um discípulo de Cristo; a oração como experiência de intimidade dialogante e de adoração de Deus; a interpelação do sentido da História em que estamos envolvidos”, indica. O Patriarca de Lisboa fala ainda da importância de “convidar os cristãos a lerem as realidades em que estão inseridos à luz da sua fé é apoiada por um vasto magistério social”. “É preciso ajudar os cristãos a não estarem nas realidades terrestres, seculares em si mesmas, apenas com os critérios do mundo, fornecidos pela cultura envolvente, cada vez mais secularizada e alheia à beleza do Evangelho que ilumina todas as coisas”, defende. Este será o terceiro e último ano do programa trienal 2006-2009, cujo objectivo fundamental é “fazer da evangelização a expressão e o anúncio da caridade”. O tema inspirador de toda a acção pastoral para este ano é “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, tema da próxima Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos que decorrerá em Roma, entre 5 e 26 de Outubro de 2008. Neste contexto, a Diocese quer dar uma cuidada atenção à vivência do Ano Paulino e à valorização da Doutrina Social da Igreja. Em declarações ao Programa ECCLESIA, D. José Policarpo diz que este programa “brotou do dinamismo do Congresso Internacional da Nova Evangelização” (ICNE), cuja sessão lisboeta decorreu em Novembro de 2005, com o grande objectivo de que a “evangelização seja expressão da caridade e leve à caridade”. O Cardeal-Patriarca assinala que “temos estado a trabalhar as várias áreas que dizem respeito a este grande objectivo, tendo em conta que o ambiente cultural em que a Igreja vive hoje é uma questão decisiva voltar acentuar a vida cristã na sua dimensão sobrenatural”. Quanto à presença católica na sociedade, D. José Policarpo afirma que “é um facto que a Igreja, nas mais diversas formas, era a grande resposta às questões da pobreza, da marginalidade, da velhice, da doença incurável e ainda hoje as nossas instituições representam uma percentagem elevadíssima da oferta pública”. A gestão, essa, deve passar cada vez mais por “pessoas competentes” que não o pároco. A este respeito, o Patriarca de Lisboa lembra que a Concordata de 2004 se baseia num princípio de separação entre Igreja e Estado, com “cooperação para o bem comum”, algo que considera que “tem funcionado”. Para este responsável “seria uma pequena revolução se a Igreja tivesse de seleccionar os mais necessitados, aqueles que ninguém quer”, mas admite que “horizonte catastrófico não existe”, advogando “o diálogo entre grandes instituições”. Relativamente ao ICNE, o Cardeal frisa que o essencial não é o que se pode contabilizar, mas a criação de “um espírito novo”, frisando que “a Igreja não pode acantonar-se ao seu espaço, onde ninguém a incomoda e onde não incomoda ninguém”. Ainda assim, assegura que “houve um número enorme de pessoas que se aproximaram da Igreja”, com cada vez mais adultos a procurarem o Baptismo, com uma preparação “muito exigente”. Ignorância Nesta entrevista, D. José Policarpo admite preocupação perante os dados que revelam desconhecimento da Bíblia por parte dos fiéis. “A incidência da Palavra de Deus na vida dos nossos cristãos é fraca e temos de procurar as causas disto”, assinala. “A Palavra de Deus confunde-se muito hoje com a palavra humana, estamos numa cultura do indivíduo e da autonomia da liberdade em que cada um lê no texto aquilo que gosta de ouvir”, alerta. O Patriarca de Lisboa admite que há coisas a serem aperfeiçoadas dentro da Igreja, a começar “pela proclamação da Palavra de Deus na Liturgia”, três textos que, na maior parte, “não chegam a ser ouvidos”. O Ano Paulino, que a Igreja vai viver a partir do final de Junho, será uma oportunidade para dar a conhecer o Apóstolo, o autor que é mais lido na Liturgia da Igreja, permitindo “percorrer o itinerário da fé de Paulo”. Para o Cardeal lisboeta, “curiosamente, a sociedade do nosso tempo tem muitos traços com a sociedade de Paulo”, no séc. I, dado que este foi “um protagonista do romper das fronteiras do Evangelho” para além da Palestina, algo que ainda hoje “pode interpelar”. Programa 10h – Apresentação e lançamento do itinerário catequético da Doutrina Social da Igreja (para os 320 delegados já inscritos na Cúria Patriarcal) 15h – Apresentação do Programa e Calendário Pastoral para 2008 / 2009 16h – Celebração Eucarística presidida pelo Cardeal-Patriarca Local:Mosteiro de São Vicente de Fora, Lisboa

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