Novo Reitor defende TGV perto de Fátima

Acções da ASAE, centenário das Aparições e acolhimento dos peregrinos na análise do Pe. Virgílio Antunes A poucos dias da maior peregrinação anual a Fátima, o Pe. Virgílio Antunes, Reitor nomeado do Santuário, manifestou-se em favor da criação de uma estação para o comboio de alta velocidade que possa servir quem se desloca à Cova da Iria. “Esperamos que haja uma estação próxima de Fátima e, se não for exactamente ali, que haja meios de transporte que estabeleçam a ligação entre a estação e o Santuário, porque muita pessoas vindas não só do país, mas até de outras partes, poderão aproveitar esse meio de transporte”, declarou ao Programa Ecclesia o futuro responsável pelo Santuário, quando questionado sobre a estação projectada para aquela região pela RAVE-Rede de Alta Velocidade. A actual estação ferroviária, refere o Pe. Virgílio Antunes, “não serve minimamente a localidade nem o Santuário de Fátima nem os peregrinos de Fátima” porque “fica num descampado, numa zona distante”, frisando que há mesmo “pessoas enganadas” que esperavam, “como noutras partes do mundo, descer do comboio e, a pé, chegar rapidamente ao seu destino”. Já a respeito da dimensão comercial que rodeia o fenómeno das Aparições, o sacerdote refere ser “evidente” que “quando há comércio, há interesse económico e Fátima não é excepção: quem vende, procura ganhar dinheiro”, o que se pode tornar mais fácil quando há “grande afluência de pessoas”, como é o caso do Santuário. Apesar de admitir que “pode haver abusos”, este responsável opta por valorizar os serviços que se oferecem na restauração, na hotelaria e na venda dos objectos religiosos como “uma necessidade incontornável”. Todos, afirma, “gostam de ter recordações, sobretudo quando têm um significado grande do ponto de vista afectivo”, considerando mesmo que esse gesto “faz parte integrante da peregrinação”. Relativamente às intervenções da ASAE, sobretudo em momentos de grandes concentrações, o futuro Reitor realça que “poderia haver outra política”, mas defende que a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica “cumpre o seu dever o seu papel”, com controlo “ao longo do ano e ao longo dos anos”. Novas perspectivas O Pe. Virgílio Antunes, que iniciará funções em Setembro, lembra que Fátima assumiu o carácter de Santuário nacional, contando com um novo enquadramento jurídico e pastoral, que inclui um Conselho Nacional do Santuário de Fátima, o qual é constituído pelo presidente da CEP, os três Metropolitas do país (Arcebispo Primaz de Braga, Arcebispo de Évora e Patriarca de Lisboa), o Bispo de Leiria-Fátima e o Reitor do Santuário, de acordos com os novos estatutos. O Reitor nomeado na última reunião plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, destaca o “acompanhamento muito mais próximo”, sem restrição da autonomia do Santuário, que será feito por todo o conjunto da Igreja Católica em Portugal neste novo enquadramento. “A maior parte dos peregrinos vêm por causa de Nossa Senhora de Fátima, por motivos de ordem religiosa e espiritual”, indica, relativizando o impacto das mudanças no funcionamento do Santuário sobre a vida em Fátima. Em relação aos desafios futuros, o Pe. Virgílio Antunes destaca que “não podemos afunilar a visão dos cristãos nem o modo como vivem a sua fé e a sua espiritualidade”, pedindo uma “perspectiva bastante alargada” da vida cristã. “Temos de ser capazes de nos alargar a outras perspectivas, ao mundo, à sociedade, às dimensões da política, da vida económica, a própria assistência social”, elenca. Sobre o acolhimento aos peregrinos, para além das celebrações litúrgicas e das confissões, o Reitor nomeado aponta outras dimensões, admitindo que um “acompanhamento pessoal” precisaria de mais recursos humanos, mas lembrando que há já pessoas “devidamente formadas para ouvir os casos mais variados” que chegam a Fátima. “Há lugar para o desenvolvimento de novos aspectos”, refere, frisando que o Bispo de Leiria-Fátima falou da necessidade de criar um grupo de trabalho para estudar a forma de acolher “casos especiais”. Confrontado sobre os acontecimentos que poderiam marcam o caminho até ao centenário das aparições, em 2017, o Pe. Virgílio Antunes confessa que “gostaríamos que houvesse a canonização do Francisco e da Jacinta, a beatificação da Irmã Lúcia”. A entrevista pode ser ouvida na íntegra no Programa Ecclesia de Segunda-feira, 12 de Maio (18h30, RTP2).

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