China quer melhorar relações com o Vaticano

Pequim reafirma condições essenciais para o diálogo, incluindo o princípio de «não ingerência» A China reafirmou nesta Quinta-feira o desejo de melhorar as relações com o Vaticano, um dia depois de Bento XVI ter sido homenageado com um concerto da Orquestra Filarmónica deste país. “A China está disposta a melhorar as relações com o Vaticano e trabalhará neste sentido”, declarou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Qi Gang. Este responsável lembrou que o país está disposto a prosseguir com o diálogo “com base em princípios fundamentais”. Antes de restabelecer relações diplomáticas, Pequim exige que o Vaticano deixe de reconhecer Taiwan como país independente e que aceite também a nomeação dos bispos chineses por parte da Associação Patriótica Católica (APC), controlada pelo Estado. A primeira página da edição de Sexta-feira do Osservatore Romano, jornal do Vaticano, apresenta o texto, em chinês, do discurso proferido pelo Papa no final do concerto de ontem. “Esta tarde – disse – acolhendo-vos a vós, queridos artistas chineses, o Papa deseja acolher todo o povo chinês, com um pensamento especial para os vossos compatriotas que partilham a fé em Jesus e estão unidos com laços espirituais especiais ao Sucessor de Pedro”. A poucos meses do início dos Jogos Olímpicos de Pequim, Bento XVI dirigiu-se a “todos os habitantes da China” para recordar a importância de uma manifestação que vai além do desporto. Os chineses, afirmou o Papa, “preparam-se para viver um momento de grande valor para toda a humanidade”. Desde que foi eleito Papa a 19 de Abril de 2005, Bento XVI tem expressado a sua esperança no reatamento das relações entre o Vaticano e a China, interrompidas desde a Revolução Cultural e a subida ao poder de Mao Tsé-Tung. Desde o início deste pontificado registaram-se vários sinais de aproximação e de expressão de mútua boa vontade. A Santa Sé referiu mesmo que o Papa gostaria de visitar a China, caso fosse convidado. A Igreja na China, desde a segunda metade do século XX, está “dividida” em duas. De um lado, a Igreja “patriótica”, guiada pela APC, ou seja, pelo governo comunista, rejeitando qualquer ligação com Roma. Por outro lado, a Igreja “clandestina”, formada pelos Bispos, sacerdotes, religiosos e leigos que não aceitaram a ruptura com o Papa, pelo que foram obrigados a esconder-se para sobreviver, suportando, em muitos casos, longos anos de dura prisão e torturas. Actualmente, segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina” conta mais de 8 milhões de fiéis.

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