Papel dos pais é importante para EMRC

D. António Montes falou sobre a actual situação da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica O bispo de Bragança-Miranda, D. António Montes esteve presente na segunda sessão da acção de formação dos docentes de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) da diocese. O prelado esteve durante a noite de sexta-feira, dia 2 de Maio, no encontro orientado pelo Dr. João Duque sob o tema “Educar para os valores na sociedade contemporânea” e, em entrevista ao Mensageiro Notícias, manifestou a sua opinião acerca da disciplina de EMRC. Mensageiro Notícias: O que é que a Comissão Episcopal tem feito face às investidas governamentais que fragilizam a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC)? D. António Montes: Estamos numa situação em que não há muita comunicação. Actualmente, a pratica de EMRC no primeiro ciclo já quase desertou porque não há lugar. Se no segundo ciclo se põe também um ensino mais unificado poderá haver esse risco. Não é um problema, fundamentalmente disciplinar ou de regulamento mas de perspectiva e concepção. O querer retirar a disciplina do sistema de ensino, a pretexto de uma liberdade religiosa mal entendida, leva a que o ensino acabe por ter falta de pontos de referência e de análise crítica. A função de uma escola não devia ser, apenas, instruir mas também criar pessoas com capacidade de raciocínio, de reflexão e de auto-crítica. Uma dimensão religiosa, independentemente de qual seja, acaba por contribuir para que as pessoas vejam o sentido da sua existência. MN: Alguns bispos portugueses têm publicado notas pastorais acerca de EMRC para uma maior sensibilização à importância da disciplina. Já pensou fazer o mesmo? D.AM: Não tenho feito porque me tenho servido das notas que a Comissão Episcopal publica no início de cada ano escolar parece-me suficiente e têm a vantagem de ser uma coisa uniforme para todo o país. MN: Não acha que as próprias comunidades e alguns párocos têm perdido sensibilidade em relação à importância da disciplina? D.AM: A disciplina é um direito dos alunos e, sobretudo, dos pais que são os responsáveis pela educação dos filhos. De facto, a movimentação em relação à importância da disciplina é mais importante que surja dos pais. A Igreja tem uma função de ajudar mas o direito fundamental pertence aos pais. Infelizmente acontece que no nosso país, os pais delegam tudo para a escola e isto agrava-se mais neste ponto de vista da formação religiosa. Se os pais não têm preocupação religiosa, de explicar o sentido da sua fé e da sua vida cristã, também não sentem necessidade de estar a insistir. MN: Como bispo da diocese, na sua opinião qual a importância e as dificuldades da disciplina de EMRC? D.AM: Não falaria em dificuldades mas sim em vários desafios. Primeiro, os professores têm que estar bem apetrechados do ponto de vista doutrinal, cultural e científico. Depois, também é necessário que este problema não se reduza a uma questão de horários. Pois se os horários de EMRC são colocados nos tempos iniciais, finais ou provocam uma série de furos, não há tanta afluência de alunos. Também é necessário que os conselhos executivos e os professores encarregados de acompanhar as inscrições e matrículas adoptem uma posição, pelo menos, de neutralidade. O ideal era que colocassem uma posição de abertura porque o ensino da educação moral religiosa católica ou outra, na prática, acaba por ser o único fórum onde se pode reflectir sobre o sentido da vida. MN: O que pensa do trabalho do secretariado diocesano durante estes anos? D.AM: Com as limitações que existem, penso que tem sido um trabalho positivo. Temos que continuar nesta linha sobretudo no desenvolvimento destas acções de formação. Alberto Pais, «In: Mensageiro Notícias»

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