Bispo do Funchal alerta para problemas na lei do divórcio

A questão do divórcio não deve ser entendida como «religiosa», mas antes de tudo como «uma questão de ética natural, questão de olhar o matrimónio do ponto de organização social, como célula base da sociedade necessária à estabilidade social», como aliás sublinha «a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos», lembrou este Sábado o Bispo do Funchal. Sem querer comentar o projecto de lei, pois considera que «há outras instâncias que do ponto de vista técnico-jurídico» já o fazem, D. António Carrilho manifestou no entanto a sua preocupação e alertou para os problemas que a legislação prevê, nomeadamente o de «fomentar o facilitismo do divórcio, tornando o casamento o contrato mais precário dos contratos e que nenhum outro contrato é tão desprotegido no nosso Direito». Mais: «Diz-se que é um projecto que vem descaracterizar o casamento, desvalorizar a família e a vida, e até parece dar cobertura jurídica a quem viola os deveres conjugais; não protege devidamente o vínculo da união matrimonial e parece privilegiar as classes mais altas com poder jurídico-económico», além de que «parece sobrecarregar a mulher sobre quem recai mais frequentemente a tarefa de se ocupar dos filhos», apontou. Nestas circunstâncias, o Bispo do Funchal disse ser «importante que os poderes públicos escutem e ponderem os comentários e as críticas», evitando rotular as pessoas e as instituições que as fazem de «retrógradas ou que estão contra o progresso». «Não haja receio de assumir abertamente a defesa da família como célula fundamental da sociedade», apelou. A Igreja, por seu lado, reconhece os sofrimentos causados pela separação e a si própria se questiona: «o que pode fazer mais para ajudar as famílias a serem felizes?» D. António Carrilho lembrou o que já se faz neste campo como as acções de «preparação para o matrimónio», ou no plano da «relação pais-filhos», ou na pastoral conjunta de vários Movimentos, mas insistiu numa prática pastoral mais acentuada. Como presidente da Comissão Episcopal da Família e Laicado, o Bispo do Funchal anunciou a próxima Semana Nacional da Vida, de 11 a 18 de Maio; e a realização da Jornada Diocesana da Família, a 15 de Maio no Tecnopolo, que trará D. António Marcelino, Bispo emérito de Aveiro, entre outros convidados.

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