Banco Alimentar alerta para carências em Portugal

Portugueses mostram-se solidários na hora de ajudar quem mais precisa. 17 mil voluntários no terreno Os Bancos Alimentares Contra a Fome recolheram em Portugal no passado fim-de-semana mais de 1702 toneladas de géneros alimentares na campanha realizada em 993 superfícies comerciais das zonas de Abrantes, Algarve, Aveiro, Coimbra, Évora e Beja, Lisboa, Portalegre, Porto e Braga, Setúbal, Cova da Beira, Leiria-Fátima, S.Miguel e Oeste. A campanha que apelou uma vez mais à solidariedade de todos os portugueses, registou uma extraordinária adesão, mostrando que aqueles compreenderam que basta uma pequena contribuição sua para em conjunto poderem contribuir para acudir às carências de quem precisa de ajuda para se alimentar. Esse foi, aliás, precisamente o sentido da mensagem publicitária relativa à campanha: “O Banco Alimentar precisa do herói que há em si”. Segundo comunicado publicado na página oficial desta organização, a actual crise alimentar e o consequente encarecimento dos bens alimentares com que o Mundo se vem deparando, fenómeno ao Portugal não é imune, tornam ainda mais premente a acção dos Bancos Alimentares para minorar as carências alimentares. Os produtos alimentares constituem um bem de consumo particular, na medida em que deles depende a sobrevivência. A actual situação em matéria de aprovisionamento de produtos alimentares acarreta consequências dramáticas sobretudo para aquelas pessoas mais carenciadas. A combinação da solidariedade generosa dos portugueses e da eficácia comprovada da acção dos Bancos Alimentares Contra a Fome na tentativa de minorar aquelas carências demonstra que a sociedade civil se pode substituir com vantagem ao Estado na resolução de alguns dos problemas com que se confrontam as sociedades modernas, promovendo a inclusão social com proximidade e afectividade. A maior acção de voluntariado 17 700 voluntários disponibilizaram algum do seu tempo durante o fim-de-semana para participar na campanha de recolha. Tarefas como a recolha nos estabelecimentos comerciais, o transporte, pesagem e separação dos produtos, foram integralmente asseguradas por voluntários, confirmando assim a adesão entusiástica ao projecto dos Bancos Alimentares Contra a Fome. Os géneros alimentares recolhidos serão distribuídos a partir da próxima semana a um total de 1.554 Instituições de Solidariedade Social e por via destas a mais de 232 mil pessoas com carências alimentares comprovadas. Trata-se da maior acção de voluntariado organizada em Portugal, mostrando que a acção conjunta de todos os agentes de solidariedade gera resultados muito superiores aos que seriam obtidos se cada um deles resolvesse agir de forma isolada. Ao longo da próxima semana, até 11 de Maio, haverá ainda a possibilidade de contribuir para os Bancos Alimentares Contra a Fome através da Campanha “Ajuda Vale”, presente em todas as lojas das cadeias Pingo Doce⁄Feira Nova, Dia⁄Minipreço, El Corte Inglês, Jumbo⁄Pão de Açúcar, Lidl, Modelo⁄Continente. Nesses estabelecimentos serão disponibilizados em suportes próprios cupões-vale de 5 produtos seleccionados (azeite, óleo, leite, salsichas e atum). Cada cupão representa uma unidade do produto (por exemplo, “1 litro de azeite”, “1 litro de leite”, etc.). Este cupão, para além de mencionar que se trata de uma entrega destinada aos Bancos Alimentares Contra a Fome, refere de forma clara a identificação do tipo de produto, da unidade e do correspondente código de barras, através do qual é efectuado o controlo das dádivas. Ao efectuar o pagamento, o dador entrega o cupão “Ajuda Vale” na caixa registadora. A logística de recolha e transporte para os Bancos Alimentares contra a Fome fica a cargo da cadeia de distribuição aderente. As doações são auditadas por uma empresa externa especializada. Também na rede de cerca 3300 lojas lojas Payshop espalhadas por todo o País é possível contribuir para esta campanha efectuando uma doação em dinheiro que será convertida em leite e dará lugar à emissão de recibo. Bancos Alimentares A actividade dos Bancos Alimentares Contra a Fome prolonga-se ao longo de todo o ano. Para além das campanhas de recolha em supermercados, organizadas duas vezes por ano, os Bancos Alimentares Contra a Fome recebem diariamente excedentes alimentares doados pela indústria agro-alimentar, pelos agricultores, pelas cadeias de distribuição e pelos operadores dos mercados abastecedores. São assim recuperados produtos alimentares que, de outro modo, teriam como destino provável a destruição. Estes excedentes são recolhidos localmente e a nível nacional no estrito respeito pelas normas de higiene e de segurança alimentar. Deste modo, para além de combaterem de forma eficaz as carências alimentares, os Bancos Alimentares Contra a Fome lutam contra uma lógica de desperdício e de consumismo, apanágio das sociedades actuais. Recolha nacional, ajuda local Os Bancos Alimentares Contra a Fome distribuem os géneros alimentares recorrendo a Instituições de Solidariedade Social por si seleccionadas e acompanhadas em permanência. Incentivam as visitas domiciliárias e o acompanhamento muito próximo e individualizado de cada pessoa ou família necessitada, de forma a ser possível efectuar, em simultâneo, um verdadeiro trabalho de inclusão social. Em 2007, os treze Bancos Alimentares Contra a Fome operacionais distribuíram um total de 19.919 toneladas de alimentos (equivalentes a um valor global estimado superior a 25.955 milhões de euros), ou seja, um movimento médio de 79,7 toneladas por dia útil. A actividade dos Bancos Alimentares norteia-se pelo princípio genérico da “recolha local, ajuda local”, aproximando os dadores dos beneficiários e permitindo uma proximidade entre quem dá e quem recebe. Possibilita o encontro entre voluntários e instituições beneficiárias, por um lado, e entre fornecedores da indústria agroalimentar, empresas de serviços, poderes públicos e o público em geral, em especial durante os fins-de-semana das campanhas de recolha, em que todos trabalham lado a lado por uma causa comum: a luta contra as carências alimentares e a fome. Em 1992, nasceu em Portugal o primeiro Banco Alimentar Contra a Fome seguindo o modelo dos “Food Banks” norte americanos, à altura já implantado na Europa, em França e na Bélgica. Estão actualmente em actividade no território nacional 13 Bancos Alimentares, congregados na Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares, com o objectivo comum de ajudar as pessoas carenciadas, pela doação e partilha. Existem 232 Bancos Alimentares operacionais na Europa, que em 2007 distribuíram 294.500 toneladas de produtos a 4,5 milhões de pessoas, através de 27.000 associações (www.eurofoodbank.org).

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