Igreja/Sociedade: «A guerra na Ucrânia é um daqueles fenómenos que nos deixam sem palavras» – patriarca de Lisboa

D. Rui Valério referiu-se também ao início da campanha eleitoral e manifestou preocupação pelo «povo português que está visivelmente cansado»

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 25 fev 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa afirmou que a guerra na Ucrânia é “uma vergonha” para a Europa, apelando à solidariedade para com a população do país, dois anos após o início da invasão russa.

“Para mim, europeu e, depois, como cristão é uma vergonha. É um sentido de derrota que é difícil transmitir em palavras. A palavra que tenho é que, na comunhão com Jesus Cristo, que é o princípio da minha fé, eu estarei sempre em solidariedade, estarei sempre do lado daqueles que sofrem, estarei sempre do lado da Ucrânia”, disse D. Rui Valério este sábado aos jornalistas, no Centro de Congressos de Lisboa.

O patriarca de Lisboa considerou que Deus, “como ao longo de toda a história”, não vai deixar as pessoas sozinhas” e “não vai abandonar o martirizado do povo ucraniano”.

“Eu acredito de que a paz vencerá, porque na força da minha esperança e na força da minha fé, eu acredito profundamente de que uma vez mais não iremos estar sozinhos a combater um inimigo atroz, que já deu provas mais que evidentes de que não tem qualquer noção do que é o respeito do outro”, desenvolveu.

Para D. Rui Valério, a guerra na Ucrânia “é um daqueles fenómenos que deixam sem palavras” e questiona como é que é possível, que na Europa, em pleno século XXI, se venha a assistir, sistematicamente, “à morte de inocentes, à destruição de escolas e hospitais, inclusivamente à morte de bárbara de doentes, de civis”, “são tantas e muitas as questões e poucas as respostas”.

Neste contexto, o patriarca de Lisboa salientou que a Europa viu nascer “dentro de si à sombra do cristianismo, o sentido da dignidade do ser humano, o respeito pela vida, a compreensão para cada individualidade”.

O responsável abordou ainda o início da campanha eleitoral para as legislativas 2024, que o presidente da República marcou para o próximo dia 10 de março, na sequência da demissão do primeiro-ministro António Costa, a 7 de novembro de 2023, e posterior dissolução da Assembleia da República.

“A palavra que eu espero ver emergir é esperança, naturalmente”, declarou D. Rui Valério.

“Sobretudo, preocupa-me o povo português, um povo que está visivelmente cansado, um povo que está inseguro, um povo que está muito desalentado, para não dizer desanimado, com tantas dificuldades acrescidas depois pela crise humanitária e humanista internacional da causa da guerra, mas é de esperança que nós necessitamos”, desenvolveu, em declarações à margem do ‘Faith’s Night Out’ (FNO) Lisboa 2024.

Segundo o patriarca, essa esperança, por um lado, “é um dom” que se recebe, mas essa esperança é também a “força” que mobiliza para começar a “construir um Portugal capaz de acolher os jovens, de os acolher e de os reter cá”.

“Um Portugal que é capaz de acudir a quem está doente, um Portugal que é capaz de conceder salários dignos ao trabalhador, um Portugal que é capaz de não ver crescer essas redes e esses sacos de pobreza que temos vindo a assistir. Um Portugal numa palavra que será, como outrora, ou como nós queremos ser, uma fonte de luz,  uma fonte de esperança e uma fonte de vida para o mundo”, acrescentou D. Rui Valério.

‘É na Esperança que somos salvos’ foi o tema do FNO Lisboa, encontro promovido pelas Equipas de Jovens de Nossa Senhora (EJNS), que juntou oito oradores de várias áreas e conhecimento e com várias experiências; D. Rui Valério foi o primeiro orador a falar ao auditório do Centro de Congressos de Lisboa.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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