Diretora do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa aborda conflito, iniciado a 24 de fevereiro de 2022
Lisboa, 22 fev 2024 (Ecclesia) – A diretora do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa (UCP) considera que a Ucrânia está em luta “pela liberdade de toda a Europa”, desde a invasão russa, a 24 de fevereiro de 2022.
“Neste momento, acredito sinceramente que a Ucrânia está a fazer uma batalha pela liberdade de toda a Europa e é isto que tem d estar na nossa balança. Creio que mais vale apoiar a paz agora e apoiar a Ucrânia do que se a Rússia chegasse algum dia a invadir toda a Ucrânia e, enfim, avançasse por aí, se houvesse um desmoronar de toda a Europa”, disse Mónica Dias à Agência ECCLESIA.
A docente universitária realça que o novo pacote de sanções da União Europeia à Rússia tem uma “dimensão simbólica muitíssimo importante”.
“Em primeiro lugar, é uma mensagem fortíssima para a Ucrânia, uma mensagem de apoio, de solidariedade”, sublinhou.
Segundo Mónica Dias, os cidadãos da Europa estão “do lado dos ucranianos e olham para a Ucrânia com uma incrível admiração” e também “prestam homenagem à sua coragem de resistir, de não terminar, de não deixar todo o território”, continuando a lutar por valores que “são muito próximos” daqueles que “definem” o projeto europeu
As sanções, acrescenta, deixam também “uma mensagem muito clara para Vladimir Putin e o seu regime, que não reconhece o direito internacional”
“Há uma linha vermelha que não pode ser ultrapassada e, por muito poderoso que um líder imagine ser, tem que respeitar o direito internacional e também os acordos bilaterais que existiam”, sustenta a diretora do Instituto de Estudos Políticos da UCP.
Para a entrevistada, o desrespeito e os “muitos crimes já cometidos em território ucraniano” e a “invasão ilegítima de um Estado soberano”, têm de “ser castigados”.
A especialista entende que, na Rússia, se assistiu nos últimos anos “a uma transformação cada vez maior, quase de um Estado autoritário para um Estado totalitário”.
“Muitas pessoas foram presas, a comunicação social independente já não existe e a morte trágica de Navalny é apenas a ponta de um icebergue”, denunciou, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).
“Há muitos prisioneiros políticos, há muitos jornalistas, professores, opositores de Putin que têm este mesmo destino e, de facto, a população tem medo, não pode falar e também não tem acesso a informação, não sabe, de facto, o que está a passar”, acrescenta.
A agressão militar russa à Ucrânia provocou, desde 2022, pelo menos 10 mil mortos e cerca de 20 mil feridos entre a população civil, indicou hoje a ONU, admitindo que estes números possam ser “significativamente mais altos”.
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