Vaticano: Papa alerta para «ganância» e «vaidade», sublinhando importância de momentos de silêncio e interioridade

Francisco inicia exercícios espirituais de Quaresma, com suspensão de compromissos públicos

Foto: Vatican MEdia

Cidade do Vaticano, 18 fev 2024 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje para o perigo dos “animais da alma”, como a “ganância” ou a “vaidade”, sublinhando a sublinhando importância de momentos de silêncio e interioridade, em particular na preparação para a Páscoa.

“Esses animais da alma [são] os vários vícios, a ganância de riqueza, que aprisiona no cálculo e na insatisfação, a vaidade do prazer, que condena à inquietação e à solidão, e até mesmo a avidez pela fama, que gera insegurança e uma necessidade contínua de confirmação e protagonismo”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação da oração do ângelus.

A reflexão partiu da passagem bíblica lida nas celebrações do I Domingo de Quaresma, que apresenta “Jesus tentado no deserto”, segundo o relato do Evangelho de São Marcos, durante 40 dias.

“Também nós somos convidados na Quaresma a entrar no deserto, isto é, no silêncio, no mundo interior, na escuta do coração, em contacto com a verdade”, referiu, dirigindo-se aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

O Papa assinalou que, no relato do Evangelho de São Marcos, Jesus foi acompanhado, no deserto, por “animais selvagens e anjos”.

“Num sentido simbólico, são também a nossa companhia: quando entramos no deserto interior, de facto, podemos encontrar ali animais selvagens e anjos”, apontou.

Francisco precisou que os “animais selvagens”, na vida espiritual, são as “paixões desordenadas que dividem o coração, tentando possuí-lo” e que o podem “dilacerar”.

Quanto aos “anjos”, o Papa indicou que são “os pensamentos e bons sentimentos sugeridos pelo Espírito Santo”.

“Há necessidade de permanecer em silêncio e entrar em oração. E a Quaresma é o momento de fazê-lo. Vamos em frente”, apelou.

Para permitir que a voz de Deus fale ao meu coração e o guarde no bem, penso retirar-me um pouco para o deserto?”.

O Papa convidou os cardeais residentes em Roma (Itália), os chefes dos dicastérios e os superiores da Cúria Romana, para um período de exercícios espirituais, que decorre até sexta-feira.

“Esta tarde, juntamente com os colaboradores da Cúria, vamos começar os exercícios espirituais. Convido as comunidades e os fiéis a dedicar, neste tempo de Quaresma e ao longo deste ano de preparação para o Jubileu, que é o ano da oração, momentos específicos para o recolhimento na presença do Senhor”, declarou, no final da recitação do ângelus.

Nos próximos dias, todos os compromissos do Papa Francisco estão suspensos, incluindo a audiência geral de 21 de fevereiro.

A Quaresma, que teve início com a celebração da Quarta-feira de Cinzas, é um tempo litúrgico, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência; serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (este ano a 31 de março).

OC

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Agência ECCLESIA

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