Francisco destaca o «declínio» da Casa Comum e as migrações em massa, no prefácio do novo livro de Austen Ivereigh
Cidade do Vaticano, 14 fev 2024 (Ecclesia) – O Papa assina o prefácio do livro ‘First Belong to God’ (Primeiro, pertencer a Deus), do jornalista Austen Ivereigh, afirmando que um retiro cristão é mais do que um momento de “férias”.
“O retiro é um momento em que o Criador fala diretamente às suas criaturas, inflamando nossas almas com ‘seu amor e louvor’ para que possamos ‘servir melhor a Deus no futuro’, conforme as palavras de Santo Inácio (ES 15). Amor e serviço: essas são as duas pedras angulares dos Exercícios Espirituais. Jesus vem ao nosso encontro, quebra nossas correntes para que possamos caminhar com ele como discípulos e companheiros”, escreve o Papa, no prefácio divulgado pelo portal ‘Vatican News’.
Francisco observa que os retiros “para recarregar baterias tornaram-se bastante populares”, devido às tensões e pressões de uma sociedade “obsessivamente competitiva”, mas destaca que “um retiro cristão é muito diferente de férias para o ‘bem-estar’”.
“O foco não está em nós, mas em Deus, o Bom Pastor que, em vez de nos tratar como se fôssemos máquinas, responde às necessidades mais profundas de seus filhos amados.”
O Papa escreve que quando pensa nos “frutos dos Exercícios Espirituais”, vê diante de si Jesus a dizer “ao paralítico na piscina de Betesda – ‘Levanta-te, pega a tua maca e anda!’ (Jo 5, 1-16) – “uma ordem a ser obedecida, mas ao mesmo tempo é o seu convite mais gentil e amoroso”.
“Uma vez que ele se abriu para o poder salvador de Jesus, sua paralisia – a interna e a externa – foi curada. Ele se levanta e caminha, louvando a Deus e trabalhando para o seu Reino, liberto do mito da autossuficiência e aprendendo a cada dia a depender mais da sua graça”, desenvolve.
‘First Belong to God’ (Primeiro, pertencer a Deus) é o novo livro do jornalista Austen Ivereigh, biografo de Francisco, onde o Papa também alerta para a casa comum e para as migrações, os movimentos em massa das pessoas, considerando-os sintomas da “crise de não pertença” do homem a Deus.
Francisco explica que começou por “reforçar” a pertença “’primeiro’ a Deus” e depois à criação e aos semelhantes, por isso, aborda as “duas grandes crises” deste tempo, presentes no livro, e quis “encorajar a Igreja a redescobrir o dom de sua tradição de sinodalidade”.
“Quando se abre para o Espírito que fala no Povo de Deus, toda a Igreja se levanta e anda, louvando a Deus e contribuindo para a vinda de seu Reino”, acrescentou, partilhando que está “feliz” por ver como esses temas estão presentes me ‘First Belong to God’ (Primeiro, pertencer a Deus), “ligados às contemplações de Santo Inácio”
Segundo Francisco, o seu biógrafo, Austen Ivereigh “fez um belo trabalho” a reunir as suas meditações nos retiros, que orientou há muitas décadas, com os seus ensinamentos como Papa, “permite que ambos iluminem e sejam iluminados pelos Exercícios Espirituais de Santo Inácio”.
Este não é o momento de se recolher e fechar a porta. Vejo claramente que o Senhor está a chamar-nos para sair de nós mesmos, para nos levantarmos e caminharmos. Ele pede-nos para não desviar o olhar das dores e lágrimas do nosso tempo, mas para entrar nelas, para abrir os canais da sua graça.”
“Desejo que esses oito dias em que poderão desfrutar do seu amor os ajudem a sentir o chamamento de Deus para serem fonte de vida, esperança e graça para os outros, e assim descobrir a verdadeira alegria das suas vidas”, explica Francisco, no prefácio de ‘First Belong to God’, divulga o portal ‘Vatican News’.
No Vaticano, vão realizar-se exercícios espirituais durante a primeira semana da Quaresma, de 18 de fevereiro a 23 de fevereiro: o Papa convidou os cardeais residentes em Roma, os chefes dos dicastérios e os superiores da Cúria Romana, para este período de recolhimento em oração, em privado, informou a Santa Sé numa nota enviada à Agência ECCLESIA.
CB/OC