Em busca de novas vocações

Igreja Católica tenta superar discurso da crise com apelos à criatividade, evitando o fatalismo no discurso e na acção sobre este tema A Igreja Católica em Portugal deve procurar superar um “certo fatalismo” que se apoderou do discurso sempre que o tema é o das vocações. O alerta é do secretário da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios (CEVM), Pe. Jorge Madureira, em entrevista ao Programa Ecclesia. Na semana que a Igreja Católica dedica à “oração pelas vocações” em todo o mundo, com o seu ponto mais alto no próximo Domingo, dia 13 de Abril, este responsável fala da necessidade de abandonar o tema da crise para apostar na educação para a vocação. O secretário da CEVM afirma que, em Portugal, foi feita “uma reflexão muito boa, com muita criatividade, que quer responder e vencer as dificuldades que se vão sentindo”. Perante a fragmentação de projectos de vida, a proposta de uma consagração definitiva pode aparecer como um contra-senso na sociedade actual. Para o Pe. Jorge Madureira, “as pessoas vivem muito estimuladas por significados existenciais fragmentários, alguns ilusórios”, pelo que o próprio processo de educação da fé deve ajudar a “fazer uma opção de vida fundamental que se traduza numa decisão vocacional”. “Muitas das dificuldades actuais passam pela dificuldade de fazer escolhas simples, as pessoas não são capazes de escolher ou então escolher egoisticamente, não atendendo ao elemento fundamental numa opção vocacional, que é determinar-se em função do outro”, prossegue. O Pe. Jorge Madureira lembra o que Bento XVI afirma na sua mensagem para esta celebração, desafiando as comunidades a promover “acções que seja educativas da fé”, para além de encorajar todos os que prestam uma atenção especial a esta questão. “Coisas simples como o acolhimento, o exercício da caridade, a reflexão, o acompanhamento espiritual” devem ser potenciados e desenvolvidos para permitir uma “educação vocacional”, aponta o secretário da CEVM. Este responsável sublinha que qualquer cenário de crise “é sempre fruto de causas mais profundas, que se prendem sobretudo com as próprias opções da cultura e da sociedade”, com efeitos na vida da Igreja. Depois do cenário difícil da década de 70, no século passado, não há ainda um “ressurgimento que corresponda às expectativas que temos”, admite o Pe. Jorge Madureira. A “crise” tem vários níveis, do sacerdócio à vida consagrada, chegando às “vocações laicais”, sobretudo na própria família, perante o “impacto das transformações sociais e culturais”. “Isso tem profundas consequências, já que a família é a fonte de onde brotam as vocações, a partir do dom da vida, e se ela vive situações destas, há um impacto na vida da Igreja”, assinala. Em 2004, a Conferência Episcopal Portuguesa publicou as “Bases para a Pastoral Vocacional”, documento que o secretário da CEVM considera apontar soluções, apelando “para as comunidades paroquiais” como agentes neste processo de suscitar, formar e acompanhar vocações. A “cultura vocacional” aí defendida quer ser um contraponto à “cultura da indefinição” que marca a existências de muitos homens e mulheres dos nossos dias.

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