Compasso sempre pelo rio por mais pontes que façam

Fiscal cumpriu tradição Quando começaram a construir pontes entre as margens do rio Homem, houve quem vaticinasse o fim da tradição em Fiscal, concelho de Amares. Hoje, os populares garantem que «por mais pontes que construam, o compasso pascal continuará a atravessar o rio». Cerca das 11h00, num habitual cenário idílico – uma velha azenha abandonada com a sua pena represa a travar a corrente, as barcaças engalanadas com flores e ambas as margens pejadas de pessoas de todas as idades – começaram-se a ouvir as campainhas avisando a chegada da Cruz do Ressuscitado. Do lado dos lugares de S. Bento e S. Pedro surgiram os compassos, com as crianças e adolescentes à frente a tocar as campainhas e transportando os dourados “pés” das cruzes. Logo de seguida os mordomos com as cruzes que iam dando a beijar pelos populares que se aglomeravam dos dois lados de um corredor formado por ramos de palmeiras. Já com os jornalistas na embarcação destinada à comunicação social, os dois compassos subiram para a barca mais decorada, a qual transportou também o pároco, padre Joaquim Costa, e o presidente da Câmara de Amares, José Barbosa. As outras duas barcas foram ocupadas pelos músicos da Banda de Música de Cabreiros. À frente de todas as embarcações, a uma distância de uma dezena de metros, a pequena “barca do fogo” seguia com um barqueiro e o fogueteiro. Em apoio seguia um bote dos bombeiros. Das margens as pessoas acenavam para os familiares e conhecidos que seguiam nos batéis, os mais pequenos riam e batiam palmas. De longe, foi o barco da comunicação social o que “deu mais nas vistas”, não pela decoração nem por quem transportava, mas pela “dança” que executou à frente e entre as embarcações do compasso e da banda de música. Não houve dúvidas que os barqueiros que mais trabalharam foram os dois que procuravam responder com destreza às solicitações dos repórteres de imagem. Após um trajecto de cerca de 15 minutos pela água, junto a outra velha azenha abandonada, o lugar da Pedreira dava as boas vindas, batendo palmas, às barcaças que chegavam, primeiro à dos jornalistas e depois às dos compassos e dos músicos. Augusto Macedo era o mordomo da festa, o homem responsável pela organização e por transportar, de casa em casa, a Cruz de Jesus Ressuscitado. Esta foi a terceira vez que assumiu a tarefa, pois confessa «não havia mais ninguém». «Estou aqui em regime de voluntariado», salientou, indicando que «mais do que a despesa, a festa dá muito trabalho». Só para decorar as barcas e margens trabalharam 30 pessoas no sábado, acrescentou o responsável. O mordomo referiu que as pessoas «ajudam muito à festa» pelo que as despesas são repartidas. Augusto Macedo salientou que outro dos grandes momentos do dia é o encontro das cruzes de Fiscal e Carrazedo, no lugar de Pilar. Para evitar a falta de mordomos, já estão escolhidos os que vão abraçar a tarefa nos próximos quatro anos. Para o ano, cabe à família Costa escolher o mordomo, adiantou Augusto Macedo. Caso surjam apoios da autarquia, junta de freguesia e outros, no próximo ano os barcos poderão ser novos a estrear.

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