Concerto do Coro Gulbenkian dá a conhecer grandes compositores portugueses da época barroca

«Vésperas: A Devoção Mariana na Música Portuguesa no Tempo de D. João V» é o tema escolhido para o encerramento da 4.ª edição do Festival Terras sem Sombra. A intervenção do Coro Gulbenkian, sob a direcção do Maestro Jorge Matta, fecha com chave de ouro, na igreja matriz de Santiago do Cacém, famosa pelas suas condições acústicas, uma iniciativa que se tem vindo a impor no panorama musical do país não só pelo alto nível dos repertórios e dos intérpretes mas também pela ligação ao património arquitectónico e pela captação dos novos públicos. Aquilo que em 2003 parecia ser uma experiência arriscada e de desfecho imprevisível – promover periodicamente um festival de música sacra no Alentejo, região ainda com escassos índices de hábitos culturais – tem vindo a revelar-se uma aposta certa. Ao concluir a sua quarta edição, o Terras sem Sombra atingiu a maioridade e, além de trazer espectáculos de grande qualidade ao interior do país, sempre com casa cheia, já criou uma tradição. Prova disso são, além das críticas saídas em publicações da especialidade, a existência de um público fidelizado (há quem se desloque de Coimbra, Lisboa, Sevilha e Huelva de propósito, mês após mês) e a franca adesão das comunidades locais. Afinal, existe um espaço para iniciativas de qualidade, que valorizem igrejas históricas e ponham em destaque as nossas tradições musicais, a começar pelos grandes compositores portugueses. O Festival Terras sem Sombra é uma iniciativa do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja e da Arte das Musas que propõe, todos os anos, um ciclo de concertos e conferências com carácter itinerante, tendo sempre como alvo monumentos religiosos de especial interesse cultural e artístico. Em 2007-2008, a quarta edição do Festival distribuiu-se pelas igrejas matrizes de Mértola, Almodôvar e Alvito, registando ainda dois momentos de grande relevo nessa jóia do Barroco nacional que é a igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, em pleno coração da cidade de Beja. O programa deste ano, dedicado à evocação dos laços entre a música do Oriente e do Ocidente, um tema muito adequado à problemática do diálogo intercultural, hoje sobre a mesa, conclui com um espectáculo do Coro Gulbankian na igreja matriz de Santiago do Cacém, edifício do século XIV que é muito apreciado pela sua acústica, especialmente adaptada às características sonoras de massas corais. Francisco António de Almeida, João Rodrigues Esteves, Domenico Scarlatti, Francisco António de Almeida, João Rodrigues Esteves e Francisco António de Almeida, nomes mais marcantes da vida musical do tempo de D. João V, emprestam especial vigor a uma escolha organizada ao redor do culto e da liturgia de Nossa Senhora. Evoca-se aqui, sob a orientação de um especialista, o Maestro Jorge Matta, a magnificência e o equilíbrio da grande linhagem da música barroca do século XVIII, coincidente com um dos períodos mais diversificados da história cultural portuguesa. Um coro de renome internacional Fundado em 1964, o Coro Gulbenkian conta presentemente com uma formação sinfónica de cerca de 100 cantores, actuando igualmente em grupos vocais reduzidos, conforme a natureza das obras a executar. Assim, o Coro Gulbenkian tanto pode apresentar-se como grupo a cappella, o que tem acontecido regularmente para a interpretação de polifonia portuguesa dos séculos XVI e XVII, como colaborar com a Orquestra Gulbenkian para a execução de obras coral-sinfónicas do repertório clássico e romântico. Na música do século XX, campo em que é particularmente conhecido, tem interpretado – e frequentemente estreado – inúmeras obras contemporâneas de compositores portugueses e estrangeiros. Tem sido igualmente convidado a colaborar com as mais prestigiadas orquestras mundiais para execução de grandes obras como A Criação do Mundo, de Haydn e a Nona Sinfonia, de Beethoven (Orquestra do Século XVIII/Frans Brüggen), a Missa Solemnis, de Beethoven (Orquestra Sinfónica de Baden-Baden/Michael Gielen), as Segunda, Terceira e Oitava Sinfonias, de Mahler (Filarmónica de Berlim/Claudio Abbado; Filarmónica de Londres/Franz Welser-Möst; Sinfónica de Viena/Rafael Frübeck de Burgos; Filarmónica Checa/Gerd Albrecht), A Danação de Fausto, de Berlioz (Filarmónica de Estrasburgo/Theodor Guschlbauer e Concertgebouw de Amesterdão/Colin Davis), ou Daphnis et Chloeé, de Ravel (Filarmónica de Montecarlo/Emmanuel Krivine). Para além da sua apresentação na temporada de concertos da Fundação, em Lisboa, e das suas digressões pelo país, o Coro Gulbenkian tem actuado em Espanha, França, Itália, Hungria, Canadá, Iraque, Índia, Macau e Japão. Em 1991 apresentou-se em vários pontos da Bélgica, no quadro do Festival Europalia, e deslocou-se a Israel para uma série de actuações com a Orquestra de Câmara de Israel. Em 1992, uma digressão em várias cidades da Holanda e da Alemanha, com a Orquestra do Século XVIII, deu origem à gravação ao vivo da Nona Sinfonia de Beethoven. Em 1993 teve a honra de acompanhar o então Presidente da República, Doutor Mário Soares, numa visita oficial ao Reino Unido. Deslocou-se em seguida ao Brasil e recebeu o convite de S. A. R. o Príncipe Rainier do Mónaco para a realização de um concerto com a Filarmónica de Montecarlo. Nesse mesmo ano, actuou ainda em Lyon, Estrasburgo e Mulhouse, com a Orquestra Nacional de Lyon. Em 1994 deslocou-se a Budapeste com a Orquestra Gulbenkian e efectuou uma segunda digressão com Frans Brüggen e a Orquestra do Século XVIII, actuando em Itália, França, Holanda e Portugal. No ano seguinte, apresentou-se na Índia em quatro concertos a cappella, realizando uma digressão ao Brasil, Argentina e Uruguai, com a Orquestra Gulbenkian, sob a direcção de Michel Corboz. Ainda em 1995, nove concertos com a Orquestra do Século XVIII levaram o Coro Gulbenkian ao Japão. Em Junho de 1997 apresentou-se com esta orquestra em concertos realizados em cidades europeias, incluindo uma participação no Festival Eurotop de Amesterdão. Em Novembro do mesmo ano teve o privilégio de acompanhar o Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, na visita oficial à Holanda, a convite de S. M. a Rainha Beatriz, tendo actuado em Leiden. Na temporada de 1998-1999 apresentou-se, entre outros, no Festival Veneto em Pádua e em Verona. Em 2000 realizou uma digressão com a Orquestra do Século XVIII e Frans Brüggen, actuando em Londres e em várias cidades da Holanda, da Alemanha e do Japão. No ano seguinte, colaborou com a Orquestra Sinfónica do Norte da Alemanha na apresentação da Missa Solemnis, de Beethoven. Já em 2002, a actividade internacional compreendeu concertos na Dinamarca, Malta, Japão (de novo com a Orquestra do Século Dezoito) e Espanha (Festival Internacional de Música de Granada). O Coro Gulbenkian tem gravado para as editoras Philips, Archiv-Deutsche Grammophon, Erato, Cascavelle, Musifrance, FNAC-Music e Aria-Music, interpretando um repertório diversificado que inclui música portuguesa do século XVI ao século XX. Algumas destas gravações receberam prémios internacionais, tais como o Prémio Berlioz, da Academia Nacional Francesa do Disco Lírico, o Grande Prémio Internacional do Disco, da Academia Charles Cros, ou o Orfeu de Ouro. Jorge Matta, figura de referência da pedagogia musical Maestro assistente do Coro Gulbenkian, desde 1976, é doutorado em Musicologia Histórica pela Universidade Nova de Lisboa, onde ensina no Departamento de Ciências Musicais. Destacado investigador, editor e intérprete de música portuguesa, tem realizado inúmeras primeiras audições modernas e estreias absolutas de obras vocais e instrumentais de compositores portugueses. Gravou várias séries de programas de televisão e representou Portugal na Eurovisão e na Mundovisão, em 1986. Dirigiu a Orquestra Sinfónica da RDP, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra de Câmara de Macau, a Orquestra de Câmara de Lisboa, a Orquestra de Câmara Sousa Carvalho, a Orquestra Musicatlântico, a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, o Collegium Instrumentale de Bruges, o Coro da Radiodifusão da Baviera, e participou nos Festivais Internacionais de Pamplona, Palência e Badajoz (Espanha), Rotemburgo e Munique (Alemanha), Bruxelas (Europália 91) e Israel (1998). A sua discografia inclui discos com o Coro Gulbenkian, com o grupo Cantus Firmus e com a Orquestra de Câmara de Lisboa – “Música Portuguesa do Século XVIII”, que mereceu, entre outros, um prémio da Academia Francesa do Disco. Em 2000/2001 foi director do Teatro Nacional de São Carlos. É, desde 2001, presidente da Comissão de Acompanhamento das Orquestras Regionais. Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja

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