Sinos da Sé da Guarda estão degradados e não tocam

Os oito sinos da Sé Catedral da Guarda já não tocam há vários anos, por não haver quem os toque e por estarem degradados e não terem tido a devida manutenção por parte do organismo do Estado que tutela os Monumentos Nacionais. A paróquia não tem verbas para avançar com as obras de reparação, admitindo o pároco António Moiteiro, que qualquer intervenção só poderá ser realizada em colaboração com a Direcção Regional da Cultura do Centro, entidade que gere o monumento, após a criação do IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitectó-nico e Arqueológico, que resultou da fusão do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) e do Instituto Português de Arqueologia (IPA) e da incorporação de parte das atribuições da extinta Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Devido a esta situação, nesta Páscoa, tal como já aconteceu em muitas anteriores, os sinos não vão tocar no Sábado de Aleluia a anunciar a Ressurreição de Jesus Cristo, como é tradicional na Igreja. “Mais uma vez, os cristãos da Guarda não ouvem os sinos da Sé tocar por ocasião do anúncio da Aleluia”, referiu o cónego Eugénio da Cunha Sério, director do Secretariado Diocesano de Liturgia, que lamenta a situação. Admite que “com um bocadinho de cuidado ainda eram capaz de se tocar, mas precisavam de uma intervenção”, que no seu entender, deverá ser realizada pelo organismo tutelar pela Sé Catedral. Recordou que já falou do assunto “por diversas vezes” com o director da Delegação de Castelo Branco da Direcção Regional da Cultura do Centro, José Afonso, e que lhe tem sido dito que “não há dinheiro”. Eugénio da Cunha Sério referiu que a Sé da Guarda será, talvez, a única a nível nacional onde os sinos não tocam, recordando que os mesmos “tocavam habitualmente para os actos de culto e para as acções religiosas mais importantes, por exemplo para a entrada dos Bispos na Catedral”. “Antigamente tocava a Garrida [o sino mais pequeno] para os cónegos irem para o coro”, lembrou, dando conta que os oito sinos distribuídos pelas duas torres “já não tocam há vários anos”. Pároco pede mais atenção Este cenário também é lamentado por António Moiteiro, pároco da Sé, salientando que “os sinos não se tocam porque não há quem os toque e eles precisam de uma reparação que terá que ser feita pelo IGESPAR, que é o dono do edifício”. O sacerdote considera “uma pena” que os sinos não toquem na Páscoa e salienta que a paróquia está disponível para encontrar uma solução para o problema. “Se eles [IGESPAR] ajudassem com alguma coisa, a paróquia ainda podia pensar no assunto, assim, não é possível, porque nós cada vez temos menos verbas”. António Moiteiro adiantou que com a colaboração daquele organismo, em breve, serão colocados estrados para os pés nos bancos da Sé, para possibilitar maior conforto à assembleia. Contudo, observa que a Igreja Mãe da Diocese não tem tido a melhor atenção por parte do organismo responsável pela sua manutenção. “A Catedral está cuidada pela nossa parte, mas sendo o monumento mais belo do Interior Centro, precisava de outra atenção”, disse. A título de exemplo, referiu que “é uma vergonha não se recuperar o retábulo” [construído em pedra ança e com as imagens douradas] e deu conta que “também era necessário fazer uma capela de reconciliação, na capela dos Ferros”. Também recorda que a Catedral não tem órgão de tubos “porque o IGESPAR ainda não disse onde é que se coloca, porque a Diocese diz que podia comparticipar a sua aquisição através de donativos para o efeito”. Em seu entender, os responsáveis deviam “empenhar-se mais na Sé” da Guarda, lançando mesmo um apelo: “Que o novo organismo que agora tutela este monumento, num diálogo franco com a paróquia, veja quais são os problemas da Catedral e procure resolvê-los em conjunto, o mais rápido possível”. O Jornal A Guarda tentou obter esclarecimentos sobre o assunto junto do Director Regional da Cultura do Centro, Pedro Pita, mas não foi possível até ao fecho da edição.

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