Domingo de Ramos lança celebração da Semana Maior

Bispos portugueses deixam apelos aos jovens para uma fé esclarecida e uma missão renovada A celebração do Domingo de Ramos deu início, por todo o mundo, ao período da Semana Santa, os dias de maior importância do calendário litúrgico da Igreja Católica. Nas várias dioceses do nosso país, os Bispos portugueses deixaram diversos apelos aos jovens, pedindo fé esclarecida e missão renovada. D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, fez memória do que junta cristãos por todo o mundo, em diferentes idiomas, em diferentes culturas, mas unidos em torno do mesmo acontecimento. “Um conjunto diversificado de pessoas aqui vieram, tomaram ramos e aclamaram alguém. E assim entraram no templo, para ouvir um antigo relato de há vinte séculos, falando de um homem que foi preso e julgado, condenado e morto”. Na Homilia do Domingo de Ramos, o Bispo do Porto apontou que se vive numa “sociedade ultrapassada pela rapidez e desmemoriada pela insignificância”, onde já é muito difícil “perpetuar-se um acontecimento fundador, trágico ou glorioso que seja”. Mas os cristãos revivem “um acontecimento bimilenar, e não apenas «como se estivéssemos lá», porque, na verdade, é o acontecimento que está cá: «Ele está no meio de nós»”, apontou D. Manuel Clemente. O Bispo do Porto afirmou que celebrar a Semana Santa fornece um “realismo novo, que só os cristãos sabem, não como privilégio mas como encargo, para o testemunharem a todos”. D. Manuel Clemente apontou que este grupo não se limita aos presentes na Sé do Porto. “É uma multidão, por esse mundo além, que percebe que a celebração «dos ramos» é muito mais do que um ornamento primaveril e auspicioso, de contentar e levar para casa. É uma multidão que, no realismo seguro da caridade cristã, já entoa o cântico final que lhe vai no coração e acalenta a vida”, assegura. Por seu lado, o Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou que todos os anos, na celebração da Páscoa, a Igreja deve perguntar-se “Quem é Jesus Cristo?” “Essa resposta acompanhará e influenciará o modo como vamos percorrer com o Senhor, em Igreja, a memória da Paixão e da Ressurreição”, indicou. D. José Policarpo aponta que “acreditar em Jesus Cristo é acreditar na Sua ressurreição e na transformação radical da nossa vida em Cristo ressuscitado”. Segundo o Cardeal-Patriarca de Lisboa esta será a questão central que vai estar presente em toda a celebração pascal. “A pergunta vai ser-nos explicitamente colocada na Vigília Pascal; será vida nova experimentada, na coerência da fé e na beleza do amor, em Quinta-Feira Santa; será questão silenciosa a rasgar o nosso coração, na meditação da Paixão do Senhor”. Dar a vida Em Braga, D. Jorge Ortiga apontou a celebração do Domingo de Ramos como a “revelação de Jesus Cristo, como dom para a Humanidade”. O Arcebispo Primaz afirma que “só a capacidade de dar a vida pelo outro é que é raiz do verdadeiro dom”. “O acolhimento do dom não é em primeiro lugar a aceitação de um ideal – porventura entusiasticamente presente neste episódio jubiloso, em que as multidões se deixam conduzir pelas mais diversas ideologias – mas a aceitação do modo de ser de uma pessoa real”. O Arcebispo de Braga indicou que a aclamação do Domingo de Ramos significa o “acolhimento do dom de Deus como dom salvífico” que é a capacidade de dar a vida. “Aquilo que Deus nos dá é a possibilidade de darmos a nossa vida, por amor e de, dando-a, a recebermos”. Dirigindo-se aos jovens, D. Jorge Ortiga lembrou que “houve um tempo em que falar em juventude era sinónimo de alegria, felicidade, encanto de viver. Hoje parece que os critérios se alteraram e a ausência de sentido perturba muitas vidas jovens. Ao lado de muitos comprometidos e felizes descortino um cenário – que me parece em ritmo crescente- de rostos tristes e existências problemáticas”. O Arcebispo de Braga apelou aos movimentos juvenis para assumirem “um compromisso com os jovens para que, com atitudes e gestos, sejam motivos de verdadeiro alento”. Por outro lado, pediu aos jovens que não se deixem enganar “por ofertas superficiais e demasiado passageiras”. “Os movimentos juvenis devem mostrar que é possível estar nos tempos de hoje e ser discípulo fiel. Mais do que ninguém a juventude necessita de ver que é possível”. Confiança nos jovens Na Madeira, D. António Carrilho, dirigiu especiais apelos aos jovens. “Aprofundai o vosso encontro pessoal com Cristo”, pediu o Bispo do Funchal. “Procurai aprofundar o vosso conhecimento de Jesus Cristo, e o vosso encontro pessoal com Ele”, apostando na formação através da catequese e da reflexão cristã sobre temas de interesse para a juventude, para que “a vossa fé cresça esclarecida”, referiu. “Que a fé não seja apenas um conjunto de verdades ou uma doutrina que teoricamente se aprende e se professa, mas uma experiência de vida, uma decisão pessoal que compromete toda a existência”, disse ainda. D. António Carrilho pediu também apóstolos, pois “esta é a hora da missão”. “Já pensastes como fazer chegar o vosso ideal de vida cristã, aos vossos colegas de escola, de trabalho, de convívio e desporto? Como havemos de dar a conhecer Jesus Cristo a tantos jovens da nossa Diocese, que não têm ou nunca tiveram qualquer ligação com a Igreja?”, questionou. Por último, o bispo do Funchal pediu amor à Igreja, “uma Igreja concreta que sois vós, que somos nós, com virtudes e defeitos, com capacidades e limitações, com coisas de que gostamos e outras de que não gostamos, com desejos e aspirações por realizar, nomeadamente no campo da Pastoral Juvenil”. Em Viana do Castelo, D. José Pedreira desafiou os jovens a analisarem a qualidade da sua fé. A renovação da actual sociedade «dependerá em grande parte» dos cristãos e da sua «fidelidade» aos compromissos baptismais, defendeu ontem na Sé de Viana do Castelo. Na senda da preparação para a vivência da grande Jornada Mundial da Juventude, este Verão em Sydney – Austrália, desafiou os jovens a reflectirem sobre o Espírito Santo, protagonista da história da salvação. O Bispo de Viana do Castelo convidou aqueles que são o futuro da sociedade e da Igreja a entrarem na escola do Espírito para aprenderem a «sabedoria do coração» para «crer e ver as coisas como Deus as vê», deixando-se guiar por esta luz da fé até á verdade plena. D. José Pedreira chamou ainda atenção da sua diocese para o início do Sínodo de Roma sobre “A Palavra na vida e missão da Igreja” e o “Ano Paulino”, sublinhando que estes dois acontecimentos da Igreja universal devem estar presentes, a partir de agora, «no nosso agir cristão durante este ano pastoral». Com Diário do Minho

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