Cristãos procuram encontro interior nos retiros pascais

A Igreja vive a Quaresma como um período de recolhimento e de reflexão. A par das actividades tradicionais da semana santa, os cristãos procuram viver interiormente este tempo da sua fé. Dando resposta a estas solicitações, um pouco por todo o país são organizados retiros quaresmais, proporcionando aos participantes sair do barulho e entrar no silêncio da oração e do encontro. Como preparação para a Páscoa, os Missionários da Consolata organizaram um retiro. Habituados a organizar três ou quatro retiros por ano, “todos eles contam sempre com muita adesão”, dá conta à Agência ECCLESIA o Pe. Elísio Assunção, missionário da Consolata e responsável pelo encontro. Neste tempo de Páscoa, “houve de facto muitos pedidos”, sintoma que as pessoas procuram “um tempo para repousar espiritualmente e sair do barulho do mundo”, explica. O retiro destinava-se a um público “muito amplo”, que mantém já uma ligação com a Congregação dos Missionários da Consolata através da publicação escrita «Fátima Missionária». O fim de semana pretendia proporcionar aos participantes um tempo de reflexão e preparação para a Páscoa, incidindo sobre a Palavra de Deus. O tempo de reflexão ajuda a perceber a ligação que as pessoas têm com a Palavra de Deus. “Aqui notei que as pessoas não alicerçam a sua vida na Palavra de Deus”, explica o Missionário. Durante os três dias, os participantes “perceberam que a Bíblia é uma fonte que fala às suas vidas”, traduz o Pe. Elísio Assunção, mostrando um “compromisso sério que não passa pelo folclore” de actividades pascais. Outra proposta mais a Norte foi apresentada pelo Convento de Balsamão, que também num fim de semana organizou um retiro, para que se possa viver “com mais intensidade este tempo forte de espiritualidade”, explica à Agência ECCLESIA o Pe. Basileu Pires, da Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição. Em ordem à preparação do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus, a ter lugar em Outubro, o Convento de Balsamão “quis proporcionar aos participantes um encontro com a Palavra”. Noutras ocasiões, este encontro vai acontecendo, mas “não tanto como se gostaria”, lamenta o Pe. Basileu Pires, Quaresma é um tempo privilegiado para a meditação, “tempo de escuta”. Os cristãos “dizem que é um tempo de oração, mas a oração surge da escuta da Palavra, de outra forma não será oração cristã. A conversão só acontece com a escuta”, sublinha o sacerdote. A conversão interna “é difícil de medir”. A concretização de atitudes de oração, de jejum e de esmola “ajudam a fazer esse caminho”, explica o Pe. Basileu Pires. “Talvez as pessoas actualmente estejam mais sensíveis à parte social, e menos à oração”. “Às vezes as pessoas estão mais disponíveis para dar ao santo do que à pessoa que está ao lado e precisa”, acrescenta. Nas aldeias, em Trás-os-Montes, onde se localiza o Convento de Balsamão, ainda se vivem as tradições pascais. Ainda se sente “o envolvimento neste tempo litúrgico”, manifesta o Pe. Basileu Pires. As pessoas reúnem-se para a Via Sacra, há também o sentido penitencial da Quaresma “na renúncia de certos alimentos”. Talvez exista sim um “sentido da penitência individualista, pouco orientado para a partilha”. Apesar de poucos participantes no retiro, o Pe. Basileu Pires afirma que se nota uma grande procura do silêncio. “As pessoas precisam de descanso físico mas também espiritual”. O Convento de Balsamão é um local propício para o descanso psicológico que, através do silêncio, deixa Deus falar. “Mas é preciso haver disposição para ouvir”, aponta. Quando as pessoas se afastam dos seus locais habituais e se dispõem a ouvir, em espaços mais próximos da natureza, “a escuta acontece”. Após a Páscoa vai decorrer a Semana de Espiritualidade, entre os dias 25 e 30 de Março. Este ano será sobre “A Misericórdia de Deus, na Palavra de Deus”.

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