Israel e Santa Sé procuram agenda comum

Realizou-se esta Segunda-feira no Vaticano uma conferência sobre o tema “Israel e Santa Sé: reflexões sobre a cultura judaico-cristã”. O evento foi promovido pelo Conselho Pontifício para a Cultura (CPC) e pela embaixada de Israel junto da Santa Sé. Um das questões discutidas na conferência foi a polémica causada pela modificação do texto da oração da Sexta-feira Santa da liturgia pré-conciliar. Segundo a comunidade judaica internacional, a oração é ofensiva porque implica o conceito de “conversão” dos judeus. A propósito, o presidente do CPC, D. Gianfranco Ravasi, afirmou que entre judeus e cristãos haverá sempre dificuldades, porque cada comunidade deve manter um equilíbrio entre a expressão da própria identidade e a vontade de diálogo. Segundo o Arcebispo italiano, dentro de um âmbito de reciprocidade entre judeus e católicos ao modificar as orações que cada fé considera potencialmente ofensiva, deve-se considerar que “cada comunidade tem características que são próprias e afirmam o próprio percurso de salvação”. Como católico, afirmou D. Ravasi, “é natural que eu deseje que a identidade de Cristo como salvador seja conhecida e também acolhida por outros, sem que isso naturalmente se torne uma norma ou uma escolha de imposição”. O objectivo da relação entre as duas comunidades é que cada uma “conserve a própria face, sem que esta face seja agressiva”, concluiu. Já o embaixador de Israel junto à Santa Sé, Oded Ben-Hur, durante a conferência apresentou um projecto comum entre os dois Estados. O projecto inclui uma agenda recíproca que toque pontos como a luta contra o anti-semitismo e o terrorismo, promova intercâmbios culturais, académicos e, por fim, incentive as peregrinações, “máxima expressão do diálogo necessário no Oriente Médio”. Abertura aos ateus À margem do encontro entre Santa Sé e Israel, D. Gianfranco Ravasi voltou a falar da ideia de convidar alguns ateus para participar das próximas reuniões do CPC. “É importante confrontar-se com quem propõe outro modelo ou com quem critica de maneira inteligente o seu modelo, não com quem tem somente o prazer e a vontade de denegrir a Igreja”, afirmou D. Ravasi, que acrescentou: “Por exemplo, gostaria de ouvir o meu amigo Umberto Eco sobre o que ele tem a dizer a respeito de S. Tomás de Aquino ou convidar pensadores como Juergen Habermas, Massimo Cacciari e Vincenzo Vitiello”

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