D. João Lavrador aponta a «comunhão na diversidade de expressões», rumo à celebração dos 50 anos de criação da diocese
Viana do Castelo, 02 dez 2023 (Ecclesia) – A Diocese de Viana do Castelo encerra hoje as Jornadas Diocesanas de Pastoral, intituladas ‘Igreja de todos para todos – eclesiologia do Papa Francisco’, com as quais se pretende “renovar”, até ao jubileu dos seus 50 anos de criação.
“Projetados na preparação do jubileu da diocese, daqui a quatro anos, começamos já no próximo ano a prepará-lo mais intensamente. Queremos encontrar coordenadas, linhas orientadoras, para a renovação da Igreja a nível da diocese”, explicou o bispo de Viana, em declarações à Agência ECCLESIA.
As Jornadas Diocesanas de Pastoral, com o tema ‘Igreja de todos para todos’, e o subtítulo ‘Eclesiologia do Papa Francisco’, decorrem no Centro Pastoral Paulo VI, em Darque.
Para esta iniciativa foram convidados todos os agentes pastorais: sacerdotes, futuros diáconos, os que estão em formação aprofundada para o ministério instituído de catequista, catequistas, movimentos, leigos empenhados, animadores.
Segundo D. João Lavrador, “nada melhor”, do que neste momento fazer uma reflexão “a partir do Concilio, esta síntese que o Papa coloca, das interpelações”, para que essas linhas de orientação estejam bem aprofundadas, bem fundamentadas, que “estejam em sintonia com aquilo que a Igreja interpela hoje os fiéis, todos em conjunto, todos participativos, todos a viverem em comunhão e todos corresponsáveis para a missão”.
O bispo diocesano recorda que encontrou nesta Igreja local “uma boa vontade, e um desejo de querer acertar com esta renovação”, seja em padres, em leigos, seja em religiosos que são poucos, mas estão empenhados nesta renovação da Igreja.
“Que todos nós nos coloquemos nesta atitude de renovação de mentalidade: a partir do momento da renovação mentalidade o resto é mais fácil, a grande mudança tem de ser de pessoas, é que tem de ser converter, renovar, ser mais à maneira de Jesus Cristo”.
O padre José Caldas, vigário-geral da Diocese, espera que estas jornadas ajudem “a lançar as bases, três linhas de ação”, onde prepararam a “Igreja de hoje, mas também de amanhã”.
A diocese do Alto Minho está a realizar um processo de discernimento, de oração, para “poder sublinhar quais são as três linhas de ação”, mas, segundo o sacerdote, serão “certamente quanto à identidade da Igreja, outra o ser igreja hoje e a terceira linha a missão”, e estão “a discernir e refletir em conjunto”, para que seja “fruto de uma caminhada conjunta, de discernimento eclesial”.
“Esta Igreja em saída, que vai ao encontro, que escuta mesmo os que não estão dentro é fundamental até para uma conversão pessoal, pastoral, eclesial, neste momento ainda falamos muito para dentro e muitas vezes fechados nos nossos comodismos”, acrescentou o padre José Caldas.
A Diocese de Viana convidou como oradores o padre Rossano Sala, sacerdote salesiano italiano, especialista em Pastoral Juvenil, a irmã Nathalie Becquart, subsecretária do Sínodo dos Bispos, padre Sérgio Leal (Diocese do Porto), especialista em sinodalidade, e numa primeira sessão, a 18 de novembro, Enzo Bianchi e o tema ‘Quem é o meu próximo?’.
D. João Lavrador destaca que alguns destes oradores são “pessoas muito próximas do Papa” e pode motivar para “uma novidade, uma renovação que a Igreja diocesana precisa, como precisa sempre”, para que nos conselhos pastorais, nas paróquias, através dos vários movimentos, catequeses, dos grupos de jovens, “haja nova mentalidade e despertemos todos para participação mais ativa”.
Durante a sessão desta sexta-feira promoveram também uma mesa-redonda, com três diocesanos que partilharam a sua experiência de serviço e vivência comunitária, e apresentaram dois vídeos com “alguns focos da diocese” de boas práticas, onde se realizam novas dinâmicas de envolvimento da comunidade e disponibilidade dos fiéis.
“Mas é preciso ainda mais, sobretudo para uma Igreja em que a participação de todos se manifeste nos ministérios, em serviços, que é esta presença da Igreja no meio do mundo, a alegria do Evangelho, do encontro com Cristo transpareça nas profissões, nas escolas, na família, nas associações, em qualquer lugar onde o cristão de encontre”, realçou o bispo diocesano.
Estas jornadas estão no centro do programa ’70×7′ que vai ser emitido, este domingo, pelas 1720, na RTP2.
CB/OC
A Diocese de Viana do Castelo vai celebrar os 50 anos da sua criação em 2027 e D. João Lavrador quer ver um “unida, a viver em comunhão, já nessa altura a sentir uma Igreja na comunhão, mas na diversidade das suas expressões”, o “poliedro” que tantas vezes se fala.
“Queria ver uma Igreja integradora, acolhedora, aberta, uma Igreja consciente de si própria, com uma forte experiência de Jesus Cristo, que se faz permanentemente, e uma Igreja a olhar para o futuro, com os pés bem assentes na terra, a responder aos problemas do presente, mas sempre na esperança, que tem de ser projetada num futuro”, desenvolveu. Segundo o bispo de Viana, uma Igreja a caminho e que “não tem medo”, que é feita em conjunto, “uma Igreja hospitaleira, que no caminho é capaz de dar a mão ao outro e caminhar todos”. |