CEP manifesta preocupação com sustentabilidade das Instituições Sociais
Fátima, 16 nov 2023 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) alertou hoje para a “grave situação” provocada pela crise económica e social no país, em particular na área da habitação.
“A grave situação em que vivem muitas famílias no nosso país, com a dificuldade de acesso a bens essenciais e à habitação, às quais começa a faltar a esperança de recuperar das situações de fragilidade em que se encontram, é um retrato social que nos inquieta profundamente”, referem os bispos, no comunicado conclusivo da Assembleia Plenária que decorreu desde segunda-feira, em Fátima.
Os trabalhos contaram com a participação de quatro convidados, para refletir sobre a realidade social do país e das Instituições de Solidariedade Social da Igreja: o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade; Manuel Lemos, presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas; Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa; e Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz.
A CEP deixa uma palavra de reconhecimento às mais de 1700 Instituições de Solidariedade Social da Igreja que, “diariamente, ao lado dos mais carenciados, procuram não deixar morrer a sua esperança, apesar de se encontrarem, também elas, em dramáticas situações no que se refere à sua sustentabilidade e viabilidade futuras”.
D. José Ornelas, presidente do episcopado, destacou a “integração capilar” das instituições católicas junto da população.
“Os pedidos de ajuda estão a crescer de novo, concretamente em relação à habitação e aos imigrantes, que são uma nova área de preocupação social”, indicou o bispo de Leiria-Fátima, em conferência de imprensa.
O responsável falou num “grito de alerta”, porque muitas Instituições Sociais “correm o risco de encerrar”.
Em resposta aos jornalistas, D. José Ornelas destacou a necessidade de “esclarecimentos mais aprofundados” sobre os motivos que levaram à crise política.
“É evidente que todos nós acompanhamos com preocupação aquilo que se vai passando”, assumiu.
O presidente da CEP admitiu que a situação afeta a “credibilidade” das instituições públicas.
“Não nos deixemos simplesmente desmotivar e cair na apatia perante as questões políticas e sociais que nos rodeiam”, apelou.
O comunicado final da assembleia indica que o Estado assinou com as entidades representativas do Setor Social (IPSS) o Pacto de Cooperação (23/12/2021) no qual assumiu aumentar os Protocolos de Cooperação para assumir como mínimo 50% dos custos nas respostas sociais.
“Atualmente, este apoio do Estado situa-se nos 38%, segundo os dados objetivos das entidades representativas do setor. É urgente atingir os 50% que são definidos no referido Pacto para viabilizar as Instituições sociais em Portugal. Neste período especial de preparação de eleições, esperamos dos partidos políticos uma programação que contemple a viabilidade do setor social”, apelam os bispos.
Segundo a CEP, estas questões são agravadas por um cenário de guerra internacional e o fenómeno migratório, apelando a “uma maior coesão social, cultural e política”.
OC
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