«Na oração procuramos estender a todos esta vontade de mudar os corações» – Padre Peter Stilwell
Lisboa, 06 nov 2023 (Ecclesia) – A Mesquita Central de Lisboa promoveu e acolheu uma ‘oração pela paz no mundo’, aberta a todas as pessoas, que reuniu religiões e confissões religiosas, na tarde deste domingo na capital portuguesa.
“A paz é possível, tem que haver a boa vontade da parte de cada um de nós para que isso seja possível. É claro que há conflitos que o ser humano também tem que refletir e não ficar à espera do apoio do divino sem ele dar o primeiro passo. Costumo dizer, primeiro amarra o camelo, tranca o carro, depois, diz: ‘confio em Deus’, disse o imã da Mesquita Central de Lisboa, xeque David Munir, em declarações à Agência ECCLESIA.
Para o diretor do Departamento das Relações Ecuménicas e do Diálogo Inter-Religioso do Patriarcado de Lisboa, “o grande problema da paz está no coração das pessoas” que têm de tomar as decisões de mandar alguém para a frente da batalha, ou de quem está na frente, e “vê o outro como adversário a abater”.
“Na oração procuramos estender a todos esta vontade de mudar os corações, de sermos capazes, como o Papa tem tantas vezes sublinhado, de vermos no outro um irmão ou uma irmã, independentemente das fronteiras que foram construindo ao longo dos tempos, de raças, etnias, religiões”, desenvolveu o padre Peter Stilwell à Agência ECCLESIA.
O xeque David Munir salientou que a Comunidade Islâmica de Lisboa “nunca interferiu nos assuntos políticos” mas “sempre fizeram a oração pela paz”, e já participaram em orações pela paz, e no momento atual refletiu, pensou o que podia fazer.
“Uma vez que somos uma comunidade religiosa, espiritual, porque não chamar todas as confissões, convidá-las para estar aqui presente; quisemos demonstrar que a comunidade, para além de estar aberta, preocupa-se com os conflitos que há pelo mundo e convidamos as confissões e cada uma deu o seu contributo”, desenvolveu sobre a ‘oração pela paz no mundo’ deste domingo, 5 de novembro.
O padre Peter Stilwell realçou que quando se vai ao fundo das grandes tradições religiosas, “todas apontam a paz como sendo o ideal a alcançar nas sociedade”, portanto não é difícil juntarem-se e rezarem juntos pela paz.
“Aqui em Lisboa, temos o valor acrescentado de sermos amigos uns dos outros, de nos conhecermos há muito tempo e, num momento de crise como aquele que é vivido hoje em dia pela humanidade, é bom encontrarmo-nos como amigos”, acrescentou o sacerdote católico, diretor do Departamento das Relações Ecuménicas e do Diálogo Inter-Religioso do Patriarcado de Lisboa.
Segundo o presidente da Comissão para a Liberdade Religiosa, a comunidade islâmica, ao longo dos anos, e é visível na sociedade portuguesa, “tem contribuído para um clima de entendimento, de paz, em Portugal entre as diversas comunidades religiosas”.
Para José Vera Jardim, a importância de reunir as religiões para fazerem “aquilo que elas sabem, que é virar-se para o altíssimo, os que acreditam, e rezar pela paz e pedir a paz”, observando que o papel das religiões “deve ser de apaziguamento, de entendimento entre as comunidades e procura de paz e entendimento”, mas, por vezes, têm dado o lugar a guerras.
“A guerra alastra pelo mundo fora, hoje há umas guerras que aparecem muito pela televisão e a gente esquece as guerras que há em África, na Ásia, na Europa, infelizmente, a gente vê as que são mediáticas. E há situações de conflito dentro da própria Europa”, lamentou José Vera Jardim.
A oração pela paz, na Mesquita Central de Lisboa, foi promovida pela Comunidade Islâmica de Lisboa, no contexto do conflito entre Israel e a Palestina.
PR/CB