Os ex-trabalhadores da ENU

Desde quando se começou a falar no encerramento da Empresa Nacional de Urânio, com sede na Urgeiriça, Canas de Senhorim, iniciaram-se as formas de despedimento do pessoal que, ali e durante mais ou menos anos, sem reivindicar condições de segurança ou de privilégio, cumpriram os objectivos que a Empresa Nacional foi apontando e exigindo. Confrontados com o fecho, foram-se informando sobre o seu futuro e, uns primeiro, outros depois, foram tomando contacto com a solução apontada – para todos, a certeza de que eram despedidos. A partir daqui – e por ser Empresa Nacional acresce nas obrigações e por ser de grande risco acresce na largueza e celeridade da justiça – surge a necessidade de minorar as perdas e de acautelar o futuro dos trabalhadores e das suas famílias, respeitando os seus direitos. Porque há leis e vão-se fazendo de acordo com as necessidades e circunstâncias concretas, surgem interpretações e promessas, avanços e recuos, de acordo com a situação e a oposição, de acordo com conveniências e oportunidades… Poucas vezes, de acordo com os direitos das pessoas, com a aplicação da justiça e, muito menos, com a celeridade que ela exige para fazer jus ao que deve defender e promover. Assim acontece que estes ex-trabalhadores da ENU esperam, desde há mais de 10 anos, pela justiça que a lei lhes atribuiu e, sucessivamente, lhes tem reconhecido. Os representantes dos vários grupos que elaboraram essa lei têm manifestado apoio e compreensão… Porque continuam a esperar justiça, a ter que mendigar a sua aplicação, a ter que reivindicar brevidade e a ter que lamentar-se da sua ausência? Até quando vemos o Estado que somos a adiar a justiça, a protelar o pagamento aos seus credores e a injustiçar aqueles que, com razão, neles confiam e a eles pedem, apenas, o reconhecimento dos seus legítimos direitos? Fui ali Pároco durante alguns anos. Conheço as pessoas. Sei que clamam por justiça. Coloco-me do seu lado a reivindicá-la. + Ilídio Pinto Leandro, bispo de Viseu

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