Responsável do Serviço da Pastoral Social procurar «sempre soluções estruturais» e «articulação» é a palavra-chave
Angra do Heroísmo, Açores, 24 out 2023 (Ecclesia) – A diretora do Serviço Diocesano da Pastoral Social de Angra afirma que este setor se insere na “Igreja do amor experimentado”, destaca que é preciso procurar “sempre soluções estruturais” e desafiou as comunidades a aceitar “desinstalarem e quebrarem rotinas”.
“A Igreja não tem uma varinha mágica para resolver as dificuldades, mas sendo uma porta aberta pode ser parte da solução, um lugar de passagem da comunidade que precisa de uma mão amiga e de ajuda que, não sendo dada pela Igreja, pode ser encaminhada por ela”, disse Piedade Lalanda, este domingo, ao ‘Igreja Açores’, portal online da Diocese de Angra.
A diretora do Serviço Diocesano da Pastoral Social explicou que é preciso ir além do apoio imediato, “procurando sempre soluções estruturais”, porque os problemas sociais “são um pouco como as feridas”: “Podemos tapar com um penso o que é visível, mas se não atuarmos na causa da ferida, ela continuará a sangrar”.
A dimensão universal da Igreja é a dimensão de uma universalidade que é básica: nós não estamos a falar de uma necessidade de ir à Missa, mas estamos a falar da necessidade de olhar o ser humano pela sua dimensão espiritual e os católicos não podem ser apenas pessoas com religiosidade, mas têm que ser pessoas com espiritualidade”.
Para esta responsável, socióloga de formação, uma das chaves para é “articulação” e é na paróquia que deve acontecer o acolhimento, onde “os casos devem ser sinalizados e encaminhados”.
“Cada comunidade tem de refletir sobre as necessidades das pessoas e adequar respostas a essas necessidades”, indicou, referindo que “todos os governos se preocupam com os problemas sociais”, a questão é se as medidas “são adequadas e estruturantes”.
Piedade Lalanda realçou o papel “importantíssimo” dos centros sociais e paroquiais que, dependem dos párocos, e são a principal estrutura da paróquia para esse “acolhimento”, que vai muito para além de uma “resposta caritativa mais imediata”, que tem de ser dada, mas “não pode esgotar a atenção da Igreja”.
“Há uma mudança que é preciso fazer: não podemos continuar a lidar com as questões sociais da paróquia numa lógica de caridade assistencialista e pontual, temos de olhar para o problema de uma forma mais estrutural”, referiu.
Segundo a diretora do Serviço Diocesano da Pastoral Social de Angra, “há uma Igreja que contabiliza o número de praticantes, de celebrações, de rituais e que é importante e depois há a Igreja do espírito e da ação que também não é menos importante” e a “pastoral social insere-se nesta Igreja do amor experimentado”.
A responsável diocesana participou nas Jornadas Nacionais da Pastoral Social, da Igreja Católica em Portugal, realizadas há uma semana, de 16 a 18 de outubro, em Fátima, com o tema ‘Envelhecer’, e destacou que a Igreja deve promover o diálogo intergeracional.
“Os idosos não podem ser olhados como supranumerários; eles têm saberes e valências muito grandes: A Igreja deve olhar para os idosos como olha para a juventude, trazer os jovens é fazê-lo em ligação com as gerações mais velhas”, assinalou a socióloga açoriana. ao programa de rádio ‘Igreja Açores’, deste domingo.
CB/OC