Terra Santa: Paróquia de Gaza acolhe 400 pessoas, que preferem permanecer no norte

Vigário patriarcal para a Palestina alerta para falta de «bens essenciais»

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 16 out 2023 (Ecclesia) – D. William Shomali, bispo auxiliar do Patriarcado Latino de Jerusalém e vigário patriarcal para a Palestina, disse que 400 pessoas estão refugiadas na Paróquia de Gaza, rejeitando fugir para o sul.

“As instituições cristãs estão no norte de Gaza. Ou seja, temos a nossa paróquia católica, a greco-católica, a Caritas, o CRS (Catholic Relief Service, congénere norte-americana da Cáritas), associações, e também o Hospital Anglicano, que funciona muito bem”, indicou o responsável, em entrevista à Rádio Renascença.

A igreja da Sagrada Família funciona como ponto de abrigo para mais de 400 pessoas, o dobro da comunidade católica de Gaza.

“Muitas outras pessoas, muitos cristãos, sentem-se mais seguros no complexo da igreja porque as suas casas podem ser alvo dos israelitas num futuro próximo”, precisa o bispo católico.

O responsável destaca que “tudo agora em Gaza é mais caro”, numa cidade pobre onde as pessoas não têm rendimentos.

“Muitas coisas estão a faltar, mas no futuro, se o embargo e este tipo de recolher obrigatório continuar, as pessoas ficariam realmente numa situação humanitária muito trágica”, adverte D. William Shomali.

Escusado será dizer que não há eletricidade, nem segurança, nem tendas para protegê-los ou hospedá-los. Então decidiram, todos juntos, permanecer na paróquia, dizendo que ‘se temos de morrer é melhor morrer com dignidade do que morrer lentamente, lentamente humilhado’”.

O vigário patriarcal para a Palestina assinala a incerteza de “uma situação de guerra, com lei marcial”.

“Não podemos dizer ao povo de Gaza para ir ou não para o sul, porque se eles forem e alguém morrer, há uma responsabilidade. E se lhes dissermos para não irem e a paróquia for bombardeada, é outra responsabilidade”, realça.

O bispo auxiliar precisa que os aviões israelitas bombardeiam alguns bairros de Gaza, preparando a incursão no território, admitindo “expectativa” num esforço diplomático.

“Há agora uma oportunidade para os esforços diplomáticos libertarem os reféns israelitas. Se Israel fizer uma incursão e tentar entrar ou bombardear os túneis, talvez os reféns estejam aí presentes e qualquer esperança estaria perdida”, precisa.

O arcebispo da Cantuária (Igreja Anglicana), Justin Welby, apelou este domingo ao levantamento da ordem de evacuação dos hospitais no norte de Gaza e à proteção das instalações de saúde, dos profissionais de saúde, dos pacientes e dos civis.”

O primaz anglicano alertou para um ataque israelita, no sábado, ao hospital anglicano árabe Ahli, em Gaza. “

“Pacientes gravemente doentes e feridos no hospital Ahli, administrado pelos anglicanos – e noutras instalações de saúde no norte de Gaza – não podem ser evacuados com segurança”, indica Justin Welby, em nota divulgada online.

Para o cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, “a primeira coisa a fazer é tentar a libertação dos reféns, caso contrário não haverá forma de impedir uma escalada”.

“Estou pronto para uma troca, qualquer coisa, se isso puder levar à liberdade e trazer as crianças para casa. Não há problema”, disse, durante uma videoconferência com jornalistas da Itália.

Este domingo, o Papa telefonou à comunidade católica de Gaza, disse ao portal de notícias do Vaticano a irmã Nabila Saleh.

“O Santo Padre quis saber quantas pessoas estão abrigadas dentro das estruturas paroquiais. Há cerca de 500, entre doentes, famílias, crianças, pessoas com deficiência e palestinos que perderam tudo. O Papa concedeu a sua bênção a todos na paróquia”, relatou.

O exército israelita tem bombardeado Gaza desde que comandos do Hamas mataram mais de 1400 pessoas durante numa incursão em Israel, a 7 de outubro; do lado palestino, estima-se que haja 2750 mortes e mais de 9700 feridos.

OC

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Agência ECCLESIA

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