A espiritualidade no tratamento oncológico

Investigação desenvolvida no Algarve procurou determinar se a espiritualidade pode, ou não, influenciar a qualidade de vida A espiritualidade pode, ou não, influenciar a qualidade de vida do doente oncológico a realizar quimioterapia? Para encontrar a resposta a esta pergunta foi desenvolvida uma investigação pela Associação Oncológica do Algarve, que contou com a contribuição de 23 doentes que se encontravam em tratamento no Serviço de Oncologia Médica do Hospital Distrital de Faro. O estudo, entretanto publicado, mostra que quanto mais elevados os índices de espiritualidade do doente, maior era a sua qualidade de vida geral, nomeadamente ao nível do seu bem-estar físico, funcional e emocional. João Paulo Pestana, coordenador do estudo, refere ao Programa ECCLESIA, que apesar de, internacionalmente, existir um interesse crescente e uma vasta investigação publicada sobre o papel da religiosidade e da espiritualidade ao nível da saúde, em Portugal pouca importância tem sido dada a esta questão. “Se a religiosidade e a espiritualidade têm o impacto que os estudos científicos consideram, na qualidade de vida, na saúde física das pessoas, a Igreja Católica poderá ter um impacto na qualidade física e emocional”, assinala. O estudo em causa mostrou que, de uma maneira geral, os doentes que apresentavam índices de espiritualidade mais elevados sentiam menos os efeitos secundários da quimioterapia, como os enjoos e as náuseas, apresentavam menos dores, dormiam melhor, sentiam-se menos cansados e tinham maior prazer nas suas actividades diárias. João Paulo Pestana acredita que há um impacto positivo na recuperação dos doentes, com menos custos para o Estado: “Estes doentes necessitavam de menos medicação porque tinham menos dores, conseguiam desempenhar as suas funções melhor do que os outros, há um impacto a nível físico”. Actualmente, em parceria com o Instituto Superior Dom Afonso III, em Loulé, trabalha-se na Unidade de Radioterapia do Algarve. A Associação Oncológica do Algarve pretende, desta vez, caracterizar clinica, social e demograficamente, a população de doentes que actualmente realizam este tratamento, procurando delinear estratégias de intervenção que mais beneficiem esta população.

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