Coimbra guarda memórias de Lúcia

A relação entre a Irmã Lúcia e Coimbra ficou consagrada, esta semana, com o anúncio da dispensa do período de espera de cinco anos para se dar início ao processo de beatificação, determinado por Bento XVI. O Carmelo de Santa Teresa, que acolheu o anúncio desta novidade, dedica um espaço particular à passagem da Vidente de Fátima por esta casa, que foi sua durante quase 57 anos. O Memorial da Irmã Lúcia, junto ao Carmelo, recolhe memórias de uma vida de clausura, marcado pelos acontecimentos de 1917 na Cova da Iria que fizeram da pequena pastorinha a mensageira de Nossa Senhora em todo o mundo. Mais de 12 mil pessoas passaram já por este espaço, inaugurado em 31 de Maio de 20007. O visitante pode encontrar, entre várias pequenas “relíquias”, uma corda utilizada para fazer “sacrifício”, um lenço usado no tempo das aparições, a mala que Lúcia levou para o Porto (1921) e conservou pela vida fora. Da pequena Lúcia podemos ver o primeiro terço, um crucifixo ou a certidão de Baptismo. A dimensão que ganharam os relatos das aparições na Cova da Iria ficam patentes em várias das ofertas que se encontram expostas no memorial: paramentos do Rei Humberto, da Itália, uma batina e uma casula de João Paulo II, para além de milhares de cartas de todo o mundo. A máquina de escrever é, aliás, a única nota dissonante no modesto quarto de carmelita: uma cama, uma mesa, um banco e uma cruz são tudo o que tinha ao seu dispor. Como refere o memorial, a Irmã Lúcia viveu “uma vida normal” como carmelita: foi roupeira, responsável pela despensa, bordou, fez terços e relicários, tratou da horta… O hábito de carmelita e o tabuleiro onde tomava as refeições nos últimos meses de vida são testemunho dessa simplicidade. Lúcia, contudo, era uma religiosa especial e os filmes sobre Fátima mostram isso mesmo, com as multidões a acorrerem para o local onde os pequenos Pastorinhos viram a Senhora de branco. O último dia de vida de Lúcia comprova esta dimensão “especial”, que a fez ser visitada por Papas e Cardeais (casos de João Paulo I e Bento XVI antes da sua eleição): uma das fotos mostra a Vidente a ler a bênção que lhe foi enviada por João Paulo II a 13 de Fevereiro de 2005. “Deus é o único ser onde está a felicidade para a qual nos criou”, pode ler-se num dos muros, que mostram a todos a vivência espiritual de Lúcia, tão marcada pela presença constante do divino no seu quotidiano.

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