Padre Gabriel Romanelli pede que a guerra acabe «rapidamente»
Gaza, Palestina, 12 de out 2023 (Ecclesia) – O pároco Gabriel Romanelli, responsável pela paróquia católica de Gaza, referiu esta quarta-feira que a região está a viver uma situação de “escassez”, em que bens como a água e a eletricidade já começam a falhar.
“Estamos a tentar dividir os recursos entre nós para nos sustentarmos o maior tempo possível. No que diz respeito à eletricidade, tal como o resto dos cidadãos em Gaza, temos acesso limitado durante todo o dia, por um curto período”, informou o sacerdote, em entrevista ao site do Patriarcado Latino de Jerusalém.
Além da carência de água, que se encontra a ser racionada e usada “principalmente apenas para beber”, também o combustível “está quase a acabar”.
Existem ainda “especulações de que haverá um corte de eletricidade em toda a Faixa de Gaza”, explica o padre Gabriel Romanelli.
Como todos sabem e veem através das notícias, devido à destruição e devastação deixadas pela guerra, quase não restam recursos e, na sua maioria, são inexistentes. Portanto não conseguimos comprar nada nem atender às necessidades das pessoas”.
Sobre o efeito da guerra nas habitações, quatro das famílias cristãs “perderam as casas, destruídas pela guerra”, estando “atualmente hospedados no prédio da Igreja”.
“Abrimos três dos nossos espaços para receber os necessitados. Existem, atualmente, mais de 150 pessoas hospedadas no edifício da Igreja e no mosteiro”, refere o pároco, que adianta que as duas outras áreas são o Centro Santo de Tomás de Aquino, que acolhe mais de 30 pessoas, e a Escola Sagrada Família, que abrigou outro grupo de pessoas.
O sacerdote apela a que a guerra acabe “rapidamente” e pede que se “que façam todos os esforços” nesse sentido.
“A deterioração pós-guerra no setor da saúde e noutros sistemas terá um impacto significativo nas nossas vidas, aqui na Faixa. Sem falar no efeito psicológico, no medo e nas perturbações que esta guerra deixará no povo de Gaza. Muitos sofrerão!”, concluiu.
O pároco de Gaza revelou que já recebeu dois telefonemas do Papa Francisco, o qual mostrou a “sua proximidade e oração”.
O Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, lançou no último sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”; em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas naquele território palestino, numa operação que batizou como “Espadas de Ferro”.
O balanço mais recente aponta para quase três mil mortos dos dois lados: 1300 israelitas e 1445 palestinos.
O número de deslocados na Faixa de Gaza ultrapassou os 338 mil, de acordo com o Gabinete de Coordenação da Ajuda Humanitária das Nações Unidas (OCHA).
LJ/OC