Núncio na Sérvia teme desestabilização nos Balcãs

Perante a iminente declaração de independência do Kosovo, o representante do Papa na Sérvia manifestou preocupação por causa da possível desestabilização nos Balcãs. “A grande maioria da população está descontente e há possibilidade de que se a região se converta noutro Médio Oriente. Espero que não, mas as premissas existem”, alerta o Arcebispo Eugenio Sbarbaro. O presidente sérvio, Boris Tadic, pediu esta semana que se realizem conversas internacionais sobre o estatuto de Kosovo, denunciando que esta província de etnia albanesa ameaça declarar “ilegalmente” a independência a 17 de Fevereiro. O primeiro-ministro de Kosovo, Hashim Thaci, não confirmou a data, mas revelou que, tendo recebido o apoio de cerca de 100 nações, a separação de Kosovo da Sérvia é “um assunto resolvido”. O Núncio Apostólico na Sérvia explica à agência católica Zenit que ali se vive “uma situação muito difícil e não sabemos o que acontecerá”. “ Antecipando-se à declaração iminente de independência, aproximadamente 200 representantes da minoria sérvia no Kosovo reuniram-se semana para debater a situação e comprometeram-se a rejeitar qualquer declaração desse tipo, boicotar o parlamento de Kosovo e criar as suas próprias instituições na parte norte da província, incluindo uma assembleia que regule a vida dos sérvios. “Aqui não se podem separar os temas políticos e religiosos. Emocionalmente, as tradições históricas importam muito”, refere o Núncio Apostólico. O Arcebispo Sbarbaro considera que “ecumenicamente, é uma situação muito delicada, porque a Igreja Ortodoxa na Sérvia pensa que ficar sem Kosovo é como se tirassem o Vaticano aos católicos, estes são os seus sentimentos». No início deste mês, Bento XVI recebeu o Presidente do Kosovo, Fatmir Sejdiu. Um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé sublinhou que o encontro serviu para dar uma particular atenção aos desenvolvimentos que decorrem na província autónoma da Sérvia, actualmente administrada pela ONU. Segundo o Vaticano, a audiência com a alta autoridade institucional do Kosovo “não significa a mudança de posição da Santa Sé sobre o estatuto jurídico que define o Kososvo”. O Papa pretendeu “receber informações directas”. No que se refere a uma eventual declaração de independência do Kosovo, a Santa Sé vai seguir a situação com uma atenção especial e na sua apreciação dos factos, “terá em conta a orientação da Comunidade Internacional”. Uma larga maioria dos países da União Europeia e os Estados Unidos da América estão prontos a reconhecer a independência do Kosovo, mesmo com a oposição da Sérvia e da Rússia. O Vaticano insiste na necessidade de “garantir a necessidade e o respeito dos direitos dos habitantes”. No passado dia 7 de Janeiro, o Papa pediu que o estatuto definitivo do Kosovo “tenha em conta as legítimas reivindicações das partes em causa” e garanta “segurança e respeito pelos seus direitos a todos os que habitam nesta terra”. Bento XVI recebeu em Dezembro de 2007 o presidente albanês, Bamir Topi, no Vaticano, com o qual debateu a situação do Kosovo, segundo um comunicado oficial da Santa Sé. O Papa e Topi falaram “sobre a necessidade, relativamente à organização jurídica definitiva do Kosovo, de que sejam tidas em conta as exigências fundamentais de todos e que seja esconjurado todo o recurso à violência”. Redacção/Zenit

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