Vaticano reforça diálogo com mundo muçulmano

Encontros preparatórios querem abrir caminho para um canal permanente de contacto entre líderes islâmicos e católicos O Vaticano e um conjunto de representantes do mundo muçulmano continuam a preparar um grande encontro, a convite do Papa, na sequência da carta enviada a Bento XVI por intelectuais islâmicos, na qual deixavam um apelo em nome da paz e da compreensão entre o Islão e o Cristianismo. Do lado muçulmano, grupo inicial de 138 subscritores da referida missiva passou, neste momento, para 241. Em entrevista à agência italiana Zenit, o Cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o Dialogo Inter-religioso (CPDIR), revela que estes encontros preparatórios querem abrir caminho para um canal permanente de contacto entre líderes islâmicos e católicos. “Creio que o interesse desta reunião que vamos ter com os representantes dos 138, agora 241, é de dar vida a uma estrutura de diálogo, um canal sempre aberto onde nos podemos encontrar. É isto que queria propor, de forma a que este diálogo seja algo contínuo, estruturado, para evitar uma certa superficialidade”, aponta. Este responsável, antigo “ministro dos negócios estrangeiros” de João Paulo II, lembra que para os fiéis das duas maiores religiões mundiais existem valores comuns, “como a adoração de um Deus único, a dignidade da vida humana”, mas assegura que “o diálogo pode ir mais longe”. “Não estamos a dizer que «todas as religiões são iguais». Nós dizemos é que «todos os que buscam Deus têm a mesma dignidade». Isso é o dialogo inter-religioso, não é sincretismo. Ou seja, «todas as pessoas que estão em busca de Deus têm a mesma dignidade, portanto, devem desfrutar da mesma liberdade, do mesmo respeito»”, apontou. Em Outubro do ano passado, Bento XVI foi um dos destinatários da carta enviada por 138 intelectuais do mundo muçulmano, na qual deixavam um apelo em nome da paz e da compreensão entre o Islão e o Cristianismo. Posteriormente, o Papa recebeu o rei da Arábia Saudita e convidou os dignatários muçulmanos para uma visita ao Vaticano, defendendo o diálogo “fundado no respeito e no conhecimento recíproco”. Em resposta, o Papa manifestou o seu “profundo apreço” por este gesto, pelo espírito positivo que inspirou o texto e pelo apelo a um compromisso comum para a promoção da paz no mundo”. A carta de Bento XVI foi endereçada ao príncipe Ghazi bin Muhammad bin Talal, presidente do Insitututo Aal al-Bayt para o pensamento islâmico (Jordânia) e enviada através do Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano. Nessa missiva, o Papa reafirmou “a importância do diálogo baseado no respeito efectivo pela dignidade da pessoa, no conhecimento objectivo da religião do outro, na partilha da experiência religiosa e no compromisso comum de promover o respeito e a aceitação mútuas”.

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