Papa propõe jejum de imagens e de palavras

Bento XVI deixa propostas para a Quaresma, perante o laicismo e o esquecimento de Deus na sociedade Bento XVI convidou a um “jejum de imagens e de palavras”, durante o tempo da Quaresma que a Igreja Católica se encontra a viver, defendendo a necessidade de “silêncio” na vida de cada um. “Temos necessidade de um espaço sem o bombardeamento permanente das imagens, de criar espaços de silêncio, também sem imagens, para abrir novamente o nosso coração à imagem verdadeira e à Palavra verdadeira”, disse. O Papa falava esta Quinta-feira, durante o tradicional encontro quaresmal com o clero de Roma, durante o qual respondeu a algumas perguntas dos presentes. Quando questionado sobre como comportar-se perante “o laicismo desenfreado” e sobre como “falar dos valores evangélicos aos jovens”, Bento XVI disse que, antes de falar de valores, é preciso ser credível e visível no seu testemunho. Na sua intervenção, o Papa falou também sobre a “contaminação e excesso de palavras” a que todos estamos submetidos, em parte por causa dos meios de comunicação. Como nos três encontros dos anos passados, Bento XVI respondeu espontaneamente às perguntas dos sacerdotes. Entre os temas mais recorrentes, nas perguntas de 10 sacerdotes, a questão dos jovens, a evangelização e o desafio educacional. “Hoje é difícil para um jovem viver como cristão diante dos estilos de vida dominantes. É então fundamental que os sacerdotes saibam testemunhar que nós podemos realmente conhecer Deus, que podemos ser amigos e caminhar juntamente com Ele”, apontou. Bento XVI indicou a importância da presença de Deus na educação: “Nuncas basta uma formação profissional sem uma formação do coração, sem a presença de Deus”. Bento XVI ressaltou o papel cada vez mais significativo dos diáconos, mais de 100 em Roma, lembrando que devemos agradecer aos padres do Concílio Vaticano II se a figura do diácono foi retomada em seu valor. “Um ministério que representa uma ligação entre o mundo leigo e o ministério sacerdotal”, indicou. Inferno Em seguida, Bento XVI falou sobre os chamados Novíssimos, reconhecendo que talvez hoje na Igreja se fale muito pouco do pecado, bem como do Paraíso e do Inferno. Também por isso “eu quis falar do Juízo Universal na encíclica Spe Salvi (Salvos pela Esperança”, frisou. “Quem não conhece o Juízo último, não conhece a possibilidade da falência e a necessidade da redenção. Quem não trabalha pelo Paraíso, não trabalha nem mesmo para o bem dos homens sobre a Terra. Nazismo e comunismo, que queriam mudar sozinhos o mundo, destruíram-no”, afirmou o Papa. Respondendo depois a um sacerdote indiano, que se encontra em Roma há alguns anos, Bento XVI afrontou o tema da evangelização, retomando a Nota sobre o tema, aprovada recentemente pela Congregação para a Doutrina da Fé. “Diálogo significa respeito pelo outro, mas essa dimensão do diálogo, tão necessária _ precisou _ não exclui o anúncio do Evangelho, dom da Verdade que não podemos guardar somente para nós mesmos, mas devemos oferecer também aos outros”. “Missão não é imposição, mas é oferecer o dom de Deus deixando que a Sua bondade nos ilumine, do contrário, faltaremos com um dever. Seríamos infiéis também nós se não propuséssemos a nossa fé, mesmo respeitando a liberdade do outro”, prosseguiu. Neste contexto, lembrou que muitos não-cristãos falaram da importância da “presença do cristianismo”, citando Ghandi. “Para Ghandi, por exemplo, o Sermão da Montanha era um ponto de referência que formou toda a sua vida. O trabalho missionário é fundamental. Diálogo e missão não se excluem, mas, aliás, um evoca o outro”, disse. (Com Rádio Vaticano) FOTO: Osservatore Romano

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