DREAM, sonho para África

19 centros presentes em seis países africanos, incluindo Moçambique e Guiné-Bissau oferecem ajuda essencial aos doentes de SIDA Existe uma resposta à SIDA. É a terapia. Mas não é suficiente levar os medicamentos anti-retrovirais para os países africanos. É necessária também uma intervenção de larga escala para permitir a reorganização dos sistemas sanitários em péssimas condições, para fazer partir e implementar as actividades elementares de educação sanitária e de promoção da saúde necessárias para conter a difusão da epidemia. Na verdade, a SIDA apresenta-se em África associada a outros problemas: a pobreza, a desnutrição, a tuberculose, a malária, o escasso nível de educação sanitária, só para citar alguns exemplos. Extirpar a infecção por HIV deste contexto, não é possível. É necessária uma maior admissão de responsabilidade: não só e não tanto em relação à doença, a SIDA, mas sobretudo, em relação ao sistema sanitário, o africano. A luta contra a SIDA, nessa perspectiva, pode tornar-se no banco de prova de uma globalização mais responsável, mais humana, de um empenho em contracorrente em relação ao crescente desinteresse internacional para com a África. Exactamente no período em que se começa a difundir a ideia de abandonar a África a si mesma, a Comunidade de Santo Egídio sentiu, cada vez mais, a consciência da interdependência entre o Norte e o Sul do mundo, a consciência de que o futuro ou será comum ou será triste para os dois. Essa consciência derivava do ser uma comunidade cristã (que não queria nem podia ficar indiferente aos pedidos da parte mais pobre do mundo) e ao mesmo tempo, lançava um desafio. É a este desafio que a Comunidade de Santo Egídio entendeu responder elaborando e promovendo o programa DREAM (Drug Resource Enhancement against AIDS and Malnutrition). DREAM representa a realização de um sonho. O sonho de uma abordagem diferente à SIDA (uma abordagem que unisse prevenção e terapia), o sonho de uma abordagem diferente a todo o universo sanitário africano (uma abordagem sem as correntes do pessimismo e da resignação). Este programa de luta contra o HIV/Sida em África permitiu assistir mais de 25 mil pacientes, para além de ter oferecido tratamento preventivo a mais de 20 mil adultos e crianças. Os 19 centros presentes em seis países africanos, incluindo Moçambique e a Guiné-Bissau oferecem anti-retrovirais, educação sanitária, testes de diagnóstico, suplementos nutricionais e o controlo e cura de infecções. Activo desde 2002, o DREAM (Drug Resource Enhancement against AIDS and Malnutrition) está também presente em no Quénia, na Tanzânia, na Nigéria, na Guiné e no Malawi. O programa, totalmente gratuito, revelou-se um dos programas mais eficazes na prevenção e tratamento do HIV/Sida nos países da África subsaariana. 97% das crianças que nasceram de mães seropositivas que beneficiaram do programa nasceram sãs e, depois de terem iniciado a terapia anti-retroviral completa proposta por DREAM, mais de 90% dos adultos vivem bem e estão em condições de recomeçarem a trabalhar e a sustentar a própria família. Moçambique O programa iniciou-se em Moçambique por causa da longa relação que liga a Comunidade de Santo Egídio àquele país da África Austral, uma história que vai desde as ajudas humanitárias enviadas nos inícios dos anos 80, à mediação oficial entre a guerrilha e o governo e que levou ao Acordo geral de paz assinado em Roma a 4 de Outubro de 1992, ao estabelecimento em muitas cidades moçambicanas de pequenas e grandes comunidades locais de Santo Egídio. Era Janeiro de 2002 quando a comunidade começou a trabalhar no primeiro laboratório de biologia molecular moçambicano. Durante as primeiras semanas apresentaram-se no centro de saúde que hospedava o DREAM em Maputo poucos doentes, para fazer o teste, só aqueles que já não tinham mais nada a perder, os mais desesperados, aqueles em que se via perfeitamente que tinham contraído a SIDA e que por esta razão tinham sido afastados de todos. No entanto, em 2/3 meses, estes mesmos doentes começaram a transformar-se: obtinham-se resultados espectaculares, assistia-se a verdadeiras ressurreições. Tudo isto se ficou a saber, venceu o preconceito e o medo, fez renascer a esperança. Em dois anos, dos primeiros 50 testes iniciais, passou-se a mais de 20 000 só em Moçambique. Fonte: www.santegidio.org

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