Manter viva a dinâmica lançada pela JMJ 2023, como projeto de “renovação” da Igreja e a da sociedade é o objetivo do novo bispo diocesano
Lisboa 12 set 2023 (Ecclesia) – D. Rui Valério toma hoje posse como 18º patriarca de Lisboa com o propósito de manter viva a dinâmica lançada pela JMJ 2023, como projeto de “renovação” da Igreja e a da sociedade.
“O grande projeto de nova humanidade, que deve surgir da Jornada Mundial da Juventude, esse projeto de transformação do mundo e da humanidade, começa no interior de cada um de nós”, indicou o novo patriarca de Lisboa na primeira mensagem vídeo, divulgada horas após a sua nomeação pelo Papa Francisco.
D. Rui Valério, de 58 anos de idade, foi nomeado pelo Papa como novo patriarca de Lisboa, sucedendo a D. Manuel Clemente, no cargo desde 2013, que completou 75 anos, idade limite imposta pelo Direito Canónico para o exercício da missão.
“Vamos levar para a história, para o tempo, aquilo que no coração, no nosso coração, no coração da Igreja, no coração do Patriarcado, no coração de cada um de nós, aconteceu e o Senhor realizou”, apela o novo patriarca.
Para D. Rui Valério, é importante projetar nas comunidades católicas um percurso em “sinodalidade”, com “todos juntos, de mãos dadas”, como pede o Papa Francisco.
Lisboa, hoje, significa esperança, significa alegria, significa ser fermento na massa, ser anúncio do Evangelho e de uma palavra de vida numa sociedade que tem tanta fome e tanta sede dessa palavra”.
O responsável diz assumir a liderança do Patriarcado num momento de muita “importância e esperança” para a Igreja e a sociedade, após a realização da JMJ 2023, um “acontecimento maravilhoso”.
“Lisboa tornou-se a capital da juventude e, ao mesmo tempo, a grande cidadela do futuro e da esperança”, afirma, realçando que Deus “continua a tocar o coração da humanidade”, particularmente o dos jovens.
Na primeira mensagem enviada à Diocese de Lisboa, D. Rui Valério dirige uma saudação particular aos “irmãos e irmãs vítimas de abusos por membros da Igreja”.
“Partilho da vossa dor e, juntos, vamos prosseguir, com esperança, no caminho da cura total do vosso e nosso sofrimento, da tolerância zero”, indica.
O novo patriarca assume a “grandiosa missão de servir a Igreja de Lisboa”, que apresenta como uma “barca imensa repleta de vida, de serviço, de santidade e de história missionária”.
“Aqui, em Lisboa, Deus falou e tocou o coração e a vida da nossa amada Igreja, na qual estão todos e todos dela fazem parte. Estamos convocados a escutar-nos reciprocamente, permanecendo e caminhando juntos, ao bom jeito de sinodalidade, para escutar a voz de Deus na Palavra que Ele dirigiu a cada um de nós”, adianta.
Para D. Manuel Clemente, até agora patriarca de Lisboa, D. Rui Valério é um “pastor cordial e próximo”, pronto cuidar “o bem de cada um e das comunidades que serve”.
“D. Rui é um pastor cordial e próximo, pronto a corresponder ao que mais urja para o bem de cada um e das comunidades que serve. Coincide com o que o Evangelho requer e o Papa Francisco pede aos pastores da Igreja, como certamente foi tido em boa conta para a presente nomeação”, disse D. Manuel Clemente após a nomeação do novo patriarca de Lisboa.
D. Manuel Clemente lembrou que o novo patriarca está ligado ao trabalho na Diocese de Lisboa, “sendo pároco, vigário, membro do Conselho Presbiteral e do Sínodo Diocesano de 2016, em cuja aplicação continuamos”, referindo que “em tudo se revelou como homem de Deus, ao serviço do Seu povo, com a espiritualidade mariana tão própria do fundador do seu Instituto”.
“Nesta ocasião agradeço muito reconhecidamente ao Povo de Deus do Patriarcado de Lisboa, que sempre me acompanhou na oração e na colaboração pastoral. Irmãos Bispos, sacerdotes, diáconos, consagrado/as e leigos/as, de todos continuarei próximo, porque ‘o coração não tem distância’”, afirmou D. Manuel Clemente.
O patriarca emérito agradece também a disponibilidade que sempre encontrou “nas entidades civis, públicas e privadas, para tudo quanto se destinasse ao serviço da sociedade em geral”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, a meados de julho, D. Manuel Clemente disse que o novo patriarca de Lisboa seria anunciado após a Jornada Mundial da Juventude e que tomaria posse a tempo de iniciar o novo ano pastoral, desejando que seja “recomposta na sua equipa episcopal”.
A tomada de posse de D. Rui Valério como 18º patriarca de Lisboa acontece na Sé da diocese, às 11h00; este domingo, a partir das 16h00, o novo patriarca de Lisboa preside à Missa de Entrada Solene, no Mosteiro dos Jerónimos.
O título de Patriarcado à Diocese de Lisboa foi atribuído pelo Papa Clemente XI, a 07 de novembro de 1716, pelo empenho português na “defesa e propagação da fé”.
D. Rui Manuel Sousa Valério nasceu a 24 de dezembro de 1964, na Freguesia de Urqueira, Concelho de Ourém, na Diocese de Leiria-Fátima.
A nota biográfica que acompanha o anúncio da nomeação, divulgada pela Conferência Episcopal Portuguesa, refere que, após a frequência da Escola Primária entrou, em 1976, no Seminário Monfortino para realizar os estudos liceais no Centro de Estudos de Fátima, onde permaneceu até completar o ensino secundário; em 1984 foi enviado para o Noviciado na Itália, em Santeramo in Colle (Bari). Um ano depois foi para Roma a fim de frequentar o curso de Filosofia na Universidade Pontifícia Lateranense, onde obtém o Bacharelato. O novo patriarca continuou os estudos de Teologia na Universidade Pontifícia Gregoriana, concluindo esta fase académica com a licenciatura em Teologia Dogmática; de 1995 a 1996 em Lovaina, na Bélgica, frequentou no CIM (Centre International Montfortain) uma pós-graduação em Espiritualidade Missionária. Em 1996, de regresso a Portugal, frequentou a Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, para o Doutoramento em Teologia, com a tese ‘Cristologia Sapiencial e Sabedoria Cristológica em S. Luís de Montfort’, que “por motivos pastorais não pôde concluir”. O religioso monfortino fez a profissão perpétua em outubro de 1990 e recebeu a ordenação sacerdotal a 23 de março de 1991; de 1992 a 1993 capelão militar no Hospital da Marinha e, entre 2008 e 2011, foi capelão militar na Escola Naval. Durante dois períodos (2000-2008 e 2012-2018) foi membro do Conselho da Delegação Portuguesa dos Missionários Monfortinos. Do ponto de vista pastoral, exerceu o ministério, primeiro como coadjutor (1993-1995) e depois como pároco (2001-2007), nas paróquias do Concelho de Castro Verde, Diocese de Beja, “dedicando-se particularmente aos jovens e à lecionação da disciplina de Educação Moral Religiosa Católica nas Escolas do Primeiro Ciclo”; de 2004 a 2007 foi também responsável do Arciprestado (conjunto de paróquias) de Almodôvar. De 1996 a 2001 foi vigário paroquial na Póvoa de Santo Adrião, Patriarcado de Lisboa; de 2011 a 2018 foi pároco da mesma comunidade. Em 2016, Ano da Misericórdia, foi em Portugal um dos 1071 sacerdotes que o Papa Francisco enviou como “Missionário da Misericórdia”, durante o jubileu extraordinário. A 27 de outubro de 2018, o Papa Francisco nomeou-o bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança de Portugal; foi ordenado bispo a 25 de novembro de 2018 no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, juntamente com o falecido D. Daniel Batalha Henriques, em cerimónia presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente. No dia 3 de dezembro de 2018, tomou posse como capelão-chefe da Igreja Católica, no Salão Nobre do Ministério da Defesa Nacional, e a 11 de dezembro na Catedral do Ordinariato Castrense. Atualmente, D. Rui Valério é delegado da Conferência Episcopal Portuguesa para as Relações Bispos/Vida Consagrada e membro da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização. |
OC/PR
Lisboa: D. Rui Valério diz que JMJ inspira «projeto de nova humanidade» (c/vídeo)