Doutrina Social da Igreja em destaque no Funchal

As Jornadas de actualização pastoral para o clero, leigos e consagrados iniciaram-se ontem, subordinado ao tema “Doutrina social da Igreja, – Fonte de Esperança” que teve como orador o Pe. Manuel da Silva Linda e Francisco Santos que falou sobre os desafios da globalização. A Doutrina Social da Igreja (DSI) tem como bases sólidas a luz da revelação divina, ou seja da fé, e os princípios da recta razão humana, salientou o Pe. Manuel da Silva Linda, orador na 1.ª sessão das Jornadas, celebrada ontem nas instalações do Seminário Diocesano do Funchal e também aos Leigos e Consagrados nos espaços do Colégio. D. António Carrilho abriu a sessão, tendo manifestado o seu contentamento por verificar “casa cheia”, pois deu a impressão de que teria faltado sacerdote algum no activo. O oOrador começou a sua intervenção com uma referência textual à Encíclica “Soliccitudo Res Sociales” em que o papa afirma que “sendo de carácter religioso — e não social ou político, — a Igreja não pode fazer outra coisa que não seja considerar o homem no seu ser integral”, no sentido de olhar para toda a problemática humana e iluminá-la à luz dos princípios acima enumerados. Na sua dimensão individual e social, histórico, situado no tempo, e meta-histórico, isto é em relação com o Infinito. Trata-se, portanto, de exercer uma pastoral adequada ao tempo histórico, em resposta à integral problemática humana, iluminando-a com a luz do Evangelho e com a luz da razão, ou como se poderia chamar, o Evangelho natural. Segundo o Pe. Manuel Linda, a DSI tem o seu percurso ou evolução, arrancando com Pio IX, na Encíclcica “Syllabus”, onde se apontavam alguns caminhos que deveriam ser evitados. Foram tempos de luta entre a Igreja e as forças dos ismos, tal como o socialismo soviético que a Igreja viria a reprovar. Desta forma, indicando os caminhos a evitar, se apontavam já os caminhos a trilhar. A DSI vai tomando corpo com as intervenções directas de Leão XIII, Pio XII, Paulo VI, e sobretudo João Paulo II, e agora Bento XVI. Dos documentos papais se extraem os princípios e as soluções que se devem aplicar às soluções concretas vividas pela humanidade. É missão da Igreja, enfatizou o orador, ajudar a encontrar resposta às grandes interrogantes da humanidade, seguindo três linhas de actuação: a dignidade de toda a pessoa humana, como pessoa individual e fazendo parte dum corpo social; a unidade da inteira família humana, e o valor da actividade humana. Dispersos pelos documentos, encontram-se seis princípios basilares da DSI: O Bem comum, de cada pessoa humana integrada na sociedade, em todas as suas vertentes: religioso, social, económico e meta-histórico; O princípio da Solidariedade, segundo qual ninguém vive só, mas relacionado com os outros; O princípio da Subsidariedade, segundo o qual ninguém deve substituir ninguém, mas deixar que todos possam entrar em acção; Destino universal dos bens, segundo o qual toda a pessoa ou comunidade humana tem direito aos bens, são só da terra, mas também aos bens das cultura e da tecnologia; Opção preferencial para com os pobres, na expressão de João Paulo II, em que sobretudo se deve olhar pela sua dignidade; Participação de todos no seu processo, expresso no aforismo chinês de dar a cana em vez do peixe, onde também se afirma a referência da colaboração à luta e a reforma à revolução. Mais, melhor e a menos custo Comprar mais quantidade, maior qualidade, e a um preço menor, é a alavanca que impulsa a nova Era da Globalização, onde o cidadão consumidor impõe a sua vontade, salientou Francisco Santos, na sua intervenção no primeiro dia das Jornadas de actualização pastoral. Por conseguinte, tem sido uma preocupação dos Estados modernos, responder a esta ansiedade e exigência dos seus cidadãos. A Globalização tem as suas vantagens, mas também pode ser uma faca de dois gumes, ou moeda de dupla face, que poderá exigir mais dos cidadãos e do Estado, ou, de repente, voltar-se contra eles. Pretende-se ainda que todos os cidadãos e todos os estados tenham as mesmas oportunidades. Neste sentido, salientou Francisco Santos que é preciso, por um lado, medir e identificar bem as forças próprias, e por outro, diminuir as fraquezas, agindo sobretudo em equipas especializadas de trabalho. Afirmou estar a Madeira bem colocada na dimensão global, pois algumas empresas internacionais são geridas a partir da Madeira, e outras empresas madeirenses, de informática, gerem empresas transnacionais, dando emprego a muitos licenciados hoje muito bem situados, pois souberam aproveitar as oportunidades da globalização.

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