Projeto com 80 peregrinos quer também angariar fundos para construir igreja na paróquia de São Rafael
Lisboa, 06 ago 2023 (Ecclesia) – Um grupo de 80 jovens fez 1276 km a pé, desde a sua paróquia, São Rafael, em Barcelona, até Lisboa, para participar na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, numa experiência que queriam que fosse “única”.
“Não é fácil foi uma prova dura, com dores nos pés e as bolhas, a fazer 38 a cada dia, e depois mais 38 e mais 38, foi cansativo, e também a nível mental, porque somos muitos, e o grupo é largo e torna-se lento, mas as alegrias superam as tristezas, a alegria de estar juntos, de superar as diferenças, temo-nos apoiado uns aos outros”, conta a peregrina Olga Napria à Agencia ECCLESIA.
Durante 40 dias, o grupo caminhou com um duplo objetivo: participar na JMJ Lisboa 2023 mas também angariar dinheiro para construir a sua igreja, na paróquia.
“Temos um sonho de construir a nossa igreja. Temos uma paróquia que esteve muitos anos sem culto. Agora estamos numa garagem, em condições pouco dignas, e temos pedido aos nossos amigos que por cada quilómetro nos deem um euro. É uma campanha muito bonita. Somos uma paroquia que está muito viva”, explica.
A peregrina dá conta de dias de caminho que mostram como viver, com experiência de “aprender a viver” e de “fraternidade”.
“Viemos andando, porque peregrinar é uma forma de aprender a viver. A peregrinação tem dias mais duros, outros mais fáceis, experimentamos muita convivência e fraternidade, e na peregrinação aprendes a contemplar no silêncio, no fundo aprendes a estar”, resume.
Durante os 40 dias de caminho que trouxe o grupo de 80 pessoas a Lisboa, Olga dá conta de como foi “especial” este projeto.
“Quando estás cansado, há outro que te leva a mochila; quando choras vem alguém que te abraça. A fraternidade que temos experimentado é muito especial, e sobretudo o encontro com Jesus porque temos tido oração diária, e sentimo-nos muito perto de Deus”, valoriza.
“Estes 40 dias de caminho foram dias de encontro com Cristo”, acrescenta.
Olga lamenta que outros não tenham a oportunidade de experienciar o que o grupo viveu, mas que hoje, é com testemunhos que se evangeliza: “Se és um bom trabalhador, um bom estudante, se és uma pessoa que não fala mal dos outros, se te entregas, dás uma marca diferente. O que tem esta pessoa? Tem Cristo”.
“Gostei muito das palavras do Papa. Claro que a Igreja é para todos, o coração de Deus é imenso e aí cabem todos, não podemos nunca destratar ninguém”, explica.
A terminar os dias de caminho e a participação na JMJ Lisboa 2023, Olga diz que o grupo de se tem perguntado como continuar a manter a chama viva, “sem ir abaixo”, e explica a importância do encontro semanal que têm na sua paroquia.
“Aos sábados reunimo-nos, passamos a tarde todos juntos e temos formação para os sacerdotes, convivemos e prolongamos o que vivemos. O encontro em comunidade é muito importante e isso é essencial para que isto não morra”, valoriza.
“Há pessoas que não tiveram a sorte de experimentar o que vivemos. Há de todos, os que nos acompanharam e estão mais longe, e agora a experimentar esta fraternidade, esta alegria da comunidade percebem que a Igreja é um lugar maravilhoso para estar. É o que se percebe quando cuidamos uns dos outros, quando somos amigos. Se um cristão é assim, então a Igreja tem sentido”, finaliza.
Lisboa recebeu de terça-feira a domingo a primeira edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em território português, com a presença de cerca de milhão e meio participantes dos cinco continentes.
Portugal foi o 13.º país a acolher este encontro internacional de jovens promovido pela Igreja Católica, sob a presidência do Papa; Seul vai acolher a 41ª Jornada Mundial da Juventude, em 2027.
Até hoje houve 15 edições internacionais da JMJ – que decorrem de forma alternada com celebrações anuais em cada diocese católica: Roma (1986), Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016), Panamá (2019) e Lisboa (2023).
HM/LS