Realidade dos cristãos perseguidos e a construção da cultura do encontro no Scholas Occurrentes foram desafios deixados aos jovens participantes na Jornada
Lisboa, 05 ago 2023 (Ecclesia) – Joaquin Javaloyes, voluntário da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, em Espanha, disse hoje que o mundo da cooperação é um local “claro onde Deus fala” e que o contacto com “testemunhos de irmãos” são leituras do Evangelho.
“Deus fala-me de forma muito clara no mundo da cooperação; chama-me ao amor, à cruz e à ressurreição. Faz-me mais jovem, animado, valente e carinhoso”, explicou o jovem na conferência de imprensa esta manhã no Media Center.
O jovem voluntário reconheceu o privilégio de viver “no Ocidente” onde tem “bens materiais, acesso aos sacramentos, padres disponíveis” e que esta reflexão o colocou numa atitude de “agradecimento”.
“Cooperar não é só ajudar de forma material, mas é também rezar e comunicar. É informar o que se está a viver e muita gente desta é santa. Lendo os testemunhos é como se estivesse a ler pequenos Evangelhos”, destacou.
Na conferência de imprensa estava também Catarina Martins, Diretora da FAIS em Portugal, que destacou a importância de, na JMJ Lisboa 2023, se abordar um assunto que, disse, “infelizmente está esquecido”.
“Apesar de estarmos num momento de alegria, fé e partilha, não podemos esquecer o que está fora, em países onde a Igreja é perseguida”, sublinhou.
O jornalista Paulo Aido deu conta de várias iniciativas da FAIS durante os dias da JMJ Lisboa 2023, com destaque para a “exposição nos Mártires, dos objetos religiosos danificados no Iraque e Síria quando os países foram ocupados”.
“Na primeira semana de agosto de 2014, há precisamente nove anos, a invasão do Estado islâmico provocou a destruição e hoje estes objetos, em silencio, gritam ao mundo a violência que as comunidades cristas passaram”, explicou.
A FAIS está a organizar uma “mini-JMJ” na Síria, Iraque e Líbano, para jovens que não puderam deslocar-se a Lisboa.
“Há muitos jovens no mundo que não conseguiram estar aqui e nós apoiamos. No Iraque, no Líbano e na Síria cerca de seis mil jovens estão juntos a celebrar numa festa de fé e alegria, e à mesma hora em que os eventos acontecem em Lisboa, eles vão reunir-se também para uma vigília e missa de envio”, explicou Catarina Martins.
Francisco Martín, diretor em Portugal das Scholas Occurrentes, um movimento juvenil de educação fundado por pelo Papa Francisco quando era ainda bispo de Buenos Aires, valorizou o modelo educativo que num ambiente económico e político difícil conseguiu criar espaço para os jovens crescerem.
“Ele percebeu que dentro da escola as crianças estavam a estudar outras coisas que nada tinham a ver com a vida. E chamou jovens para se juntarem e contarem o que estava a acontecer com a sua vida, criando um espaço para se expressarem de forma criativa”, valorizou.
O responsável em Portugal afirmou ser responsabilidade de todos criar “uma cultura do encontro e não do descarte”.
“Que todas as religiões, que todos os que não acreditam em Deus sejam chamadas – não fiquem de fora, caso contrário não se faz uma nova cultura”, pediu.
Francisco Martín deu ainda conta da preparação do mural que recebeu o Papa Francisco, em Cascais, indicando que foi um projeto que envolveu várias entidades e expressa “a vida, de forma criativa”.
“Uma obra com três quilómetros que significou o caminho que o Papa Francisco fez até chegar à nossa sede. Tivemos a sorte de ouvir sobre o respeito que ajuda a cada um a respeitar o caminho do outro. Assim se constrói uma cultura verdadeiramente universal”, valorizou.
LS