A sala de imprensa da Santa Sé divulgou hoje uma mensagem do presidente da Itália, Giorgio Napolitano, que manifesta a sua solidariedade a Bento XVI após a anulação da visita do Papa à Universidade “La Sapienza” de Roma. “Considero inadmissíveis as manifestações de intolerância e as ofensivas anunciadas, que determinaram um clima incompatível com as razões de um confronto livre e sereno”, escreveu Napolitano. O presidente da Itália mostra “viva e sincera amargura” perante a notícia do cancelamento da visita e defende que esta teria sido uma oportunidade de “reflexão sobre temas de grande relevância para a sociedade italiana”. O Vaticano anunciou ontem à tarde que Bento XVI decidiu suspender a visita que tinha programado à Universidade “La Sapienza”, a mais antiga de Roma, no próximo dia 17. A nota oficial justificava a decisão com os protestos de professores e estudantes daquela instituição. O Papa irá enviar, contudo, a intervenção que tinha preparado para esta ocasião, a respeito da abolição da pena de morte. A visita foi programada após um convite do Reitor desta Universidade. Um grupo de 67 professores tinha pedido a anulação da visita por considerar o Papa um “reaccionário” e por considera que este terá dito, em 1990, que o processo da Igreja contra Galileu “tinha sido razoável e justo”. Esta última acusação atribuiu ao actual Papa uma frase de um filósofo ateu, Feyerabend (1924-1994), citado pelo então Cardeal Joseph Ratiznger. A Conferência Episcopal Italiana (CEI) também se manifestou a respeito destes acontecimentos, repudiando a “intolerância antidemocrática e fechamento cultural” dos protestos. Romano Prodi, por seu lado, manifestou a sua forte solidariedade ao Papa, condenado “os gestos, as declarações e a atitude que provocaram uma tensão inaceitável e um clima que não honra a tradição de tolerância na Itália”. Os jornais italianos de maior tiragem condenam o desenrolar dos acontecimentos, com o Corriere della Sera a falar mesmo de uma “derrota para o país”.