Moçambique em alerta vermelho

Sem previsão de melhoria do tempo, coordenadora da Oikos no terreno dá conta das necessidades da população Alimentos, sementes, utensílios de trabalho, plásticos e tendas são algumas das necessidades mais prementes que as populações atingidas pelas cheias em Moçambique, precisam. O alerta é lançado por Claire Falander, coordenadora geral da Oikos em Moçambique, uma das ONG’s no terreno. Duas semanas depois de dado o alerta de cheias no centro de Moçambique, mais de 35 mil pessoas já foram transferidas para centros de acolhimento, sem acesso a alimentação nem água potável, devido aos cortes nas vias de acesso. As fortes chuvas que atingiram o sul de Moçambique fizeram, até ao momento três vítimas mortais e forçaram o deslocamento de milhares de pessoas. A par das chuvas o excessivo enchimento da albufeira da barragem de Cahora Bassa, provocado por chuvas intensas que caíram nos países vizinhos (Maláui, Zimbabué e Zâmbia) tem levado à abertura progressiva das comportas do empreendimento, que debita já 6.600 metros cúbicos de água por segundo. À perda das casas e de todos os bens, junta-se a perda das culturas, com grave dano na subsistência de milhares de pessoas. Desde Abril de 2007 que a Oikos mantém 17 pessoas na província de Tete, no distrito de Mutarara e em Zambésia, distrito de Murrumbala, prestando ajuda, às vítimas das últimas cheias, na produção de alimentos e na manutenção das culturas. Espalhadas por todo o país estão 60 pessoas. Claire Falander dá conta à Agência ECCLESIA que as chuvas nos países vizinhos de Moçambique “começaram muito cedo”, normalmente são entre Fevereiro e Março. “Este ano, com a antecipação da época das chuva, causou muitos estragos”. Num esforço conjunto com as autoridades locais, a Oikos está a auscultar as necessidades nas comunidades onde já trabalham, com cerca de 400 famílias. A boa colaboração entre as organizações do terreno permite passar informação para as entidades que também podem ajudar com água potável, alimentação, tendas para abrigar nesta época e também fazer uma previsão de sementes para que as populações possam retomar as culturas na segunda época de cultivo, em Março. A coordenadora geral da Oikos em Moçambique afirma que o governo se mobilizou rapidamente para o resgate das pessoas nos locais atingidos, trabalhando em coordenação com as organizações do terreno, para identificar as necessidades e ajudar na fase de realojamento. “O governo está a identificar o lugar mais seguro para criar centros de acolhimento”. Claire Falander aponta cerca de 700 famílias que perderam as suas casas no distrito de Murrumbala e que “precisam de alimentação, água potável, tendas e outros bens, porque perderam tudo”. As famílias que perderam as suas culturas “precisam de alimentos para a sua alimentação, para os próximos três meses”, para além de instrumentos de trabalho e sementes, como batata doce, para o cultivo no tempo seco. A Oikos quer diminuir o risco de que esta situação possa voltar a acontecer. Daí a necessidade de identificar os lugares mais seguros, para que as famílias ai se possam estabelecer e fazer as suas culturas, em zonas que não são vulneráveis. A proposta é que com a continuação do trabalho, se diminua a necessidade de socorro. A água potável é apenas fornecida por tanque, “pois é mais difícil nesta fase de emergência construir furos”, explica Claire Falander. No ano passado, foram construídos quatro furos, em comunidades em zonas de risco. A coordenadora da Oikos em Moçambique afirma que a situação não antevês melhorias. “Todos os dias há informações de um departamento do governo, que trabalha com a comunidade internacional, que mostra as tendências, e presentemente a tendência é de subida das águas”. As autoridades moçambicanas mantêm o alerta vermelho emitido há duas semanas e admitem que, nos próximos dias, a situação se complique sobretudo no vale do Zambeze.

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