D. Manuel Clemente elogia jovens que superaram «um caminho difícil pela distância, as ligações e os custos»
Lisboa, 01 ago 2023 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa inaugurou hoje a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), na Colina do Encontro (Parque Eduardo VII), dando as boas-vindas a dezenas de milhares de peregrinos dos cinco continentes, que acorreram a Lisboa.
“Que bom estarmos aqui, nesta cidade que é vossa, nestes dias da nossa Jornada Mundial da Juventude. Sede bem-vindos, todos!”, disse D. Manuel Clemente, no início da Missa de Aberturas, sorrindo e repetindo a mensagem em italiano, inglês, espanhol e francês.
O responsável insistiria nesta mensagem, durante a sua homilia, acompanhada por uma multidão que se fazia acompanhar por bandeiras dos seus países, regiões e movimentos.
“Caríssimos amigos, aqui chegados do mundo interior para a Jornada Mundial da Juventude 2023. Bem-vindos, todos! Bem-vindos, também na amplitude ecuménica, inter-religiosa e de boa vontade que estes dias têm e congregam. Bem-vindos, todos”, declarou, ao inaugurar a primeira edição da JMJ em território português.
“Desejo que vos sintais em casa, nesta casa comum em que viveremos a Jornada Mundial. Bem-vindos!”, acrescentou.
Depois de várias horas de animação musical, no altar-palco especialmente preparado para esta Jornada, o anfitrião do encontro mundial refletiu sobre o tema escolhido pelo Papa para a JMJ 2023, ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’, uma passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 1, 39) relativa à visita da Virgem Maria à sua prima, Santa Isabel, mãe de São João Batista.
“Também vós vos pusestes a caminho. Foi para muitos um caminho difícil pela distância, as ligações e os custos que a viagem envolveu. Foi preciso juntar recursos, desenvolver atividades para os obter e contar com solidariedades que graças a Deus não faltaram”, referiu D. Manuel Clemente.
Valeu a pena o caminho que percorrestes para chegar aqui e vos encontrardes nestes dias, na variedade do que sois e na qualidade que trazeis, cada um e cada uma, de cada terra, língua e cultura. Nada pode substituir este caminho pessoal e de grupo, ao encontro do caminho de todos”.
O cardeal português alertou os jovens para os perigos da dependência digital, com “a aparência virtual dum mundo à escolha”.
“Vivemos mediaticamente e já não saberíamos viver doutro modo. Contamos com o seu apoio, mas não nos dispensamos de caminhar por nós mesmos, de contactar e verificar diretamente a realidade que nos toca, a nós e a todos”, observou.
D. Manuel Clemente disse que Lisboa acolhe estes peregrinos “de coração inteiro”, recordando a passagem de milhares de participantes por dioceses portuguesas, na semana anterior à JMJ.
“Acolhem-vos as famílias e as instituições que disponibilizaram os seus espaços e o seu serviço. Agradecendo a todas elas, entrevejo em cada uma a casa de Isabel, que acolheu Maria e o Jesus que lhe trazia”, acrescentou.
A intervenção sublinhou a importância do encontro entre pessoas, convidando os presentes a “saudar todos e cada um”, gesto que apresentou como semente de um “mundo novo”.
“Para que sejamos pessoas entre pessoas, em mútua e constante visitação, desejo-vos a todos uma feliz e estimulante Jornada Mundial da Juventude”, concluiu o patriarca de Lisboa.
A celebração, com cânticos em português, latim e espanhol, teve orações e leituras proclamadas em francês, italiano, esloveno, indonésio, hindi e africânder.
Na apresentação dos dons participaram uma das famílias de acolhimento que acolhe jovens, esta semana, voluntários e peregrinos.
“Amanhã teremos o nosso querido Papa Francisco connosco”, disse D. Manuel Clemente, no final da Missa, desejando a todos uma “felicíssima Jornada”.
Uma grande salva de palmas dos jovens presentes marcou o encerramento da celebração, ao som do hino da JMJ 2023, ‘Há pressa no Ar’.
A Eucaristia contou com a participação, entre outras autoridades, do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas
“Não me lembro de uma maré jovem assim em Lisboa”, afirmou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas.
Portugal é o 13.º país a acolher este encontro internacional de jovens promovido pela Igreja Católica, que reúne centenas de milhares de participantes durante cerca de uma semana, em iniciativas religiosas e culturais.
Em Lisboa estão 688 bispos, dos quais 30 são cardeais, além de centenas de sacerdotes que acompanham os grupos de peregrinos.
OC
Na quinta-feira, a ‘Colina do Encontro’ recebe a celebração de acolhimento, primeiro encontro da multidão com o Papa; ainda no Parque Eduardo VII, a 4 de agosto, vai ser celebrada a Via-Sacra, colocando os jovens a rezar com Francisco, acompanhados pelo coro e a orquestra da JMJ.
Já no Parque Tejo, entre os municípios de Lisboa e Loures, decorre a Vigília, na noite de 5 de agosto. Após pernoitarem no local, os peregrinos participam na Missa de Envio, presidida pelo Papa no domingo, dia 6 de agosto; antes de regressar ao Vaticano, Francisco encontra-se com os voluntários da JMJ. Até hoje houve 14 edições internacionais da JMJ – que decorrem de forma alternada com celebrações anuais em cada diocese católica: Roma (1986), Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).
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JMJ 2023: Milhares de jovens vivem primeiro banho de multidão em Lisboa (c/fotos)