Hoje é dia de Natal

Cristão do Rito Bizantino celebram hoje o nascimento de Jesus Se para muitos o Natal já passou, para outros hoje é o dia de Natal. Os cristãos de rito Bizantino, que seguem o calenário juliano, celebram hoje o nascimento de Jesus. Mercê dos fluxos migratórios, Portugal vai percebendo e interiorizando outras celebrações litúrgicas. Hoje, dia 7, às 19 horas, na Igreja de São Domingos, na Baixa de Lisboa, vai ser celebrada eucaristia de Natal, segundo o rito Bizantino. O Pe. Delmar Barreiros, pároco da Igreja de São Domingos e Director do Sector da Pastoral da Mobilidade, do Patriarcado de Lisboa, aponta à agência ECCLESIA que em Portugal, não estamos habituados a esta variedade de ritos, embora a própria Igreja Católica sempre tenha mantido vários ritos na sua história. O Rito Bizantino é celebrado pelos cristãos orientais. Este rito surge quando o império romano se estabelece na cidade de Bizâncio – a actual cidade de Istambul, na Turquia – ficando com duas sedes – Ocidental em Roma e Oriental em Bizâncio. O Director do Sector da Pastoral da Mobilidade recorda que a Igreja “expressava-se, liturgicamente, em diversas maneiras”, apontando ainda que os ucranianos, os chamados greco católicos, que estando ligados a Roma tal como os cristãos Ocidentais, celebram o rito bizantino, segundo a sua tradição. Na noite de ontem, Domingo, o Pe. Delmar participou na celebração natalícia junto da comunidade russa. Apesar de existir ainda a barreira da língua, uma vez que o Pe. Delamar Barreiros não fala ainda, amplamente o russo e o ucraniano, o sacerdote fez questão, acompanhando em português, seguir a celebração equivalente “à nossa missa do galo”. As celebrações são por norma, mais longas e “todas cantadas”. Apesar das diferenças, o Pe. Delmar nota também a participação de portugueses nas celebrações do rito bizantino. A Igreja portuguesa ao receber os imigrantes, acolheu também a sua cultura, dando espaço para a preservação e celebração do culto. “A nós apenas nos cabia acolher”, aponta, “oferecendo condições para celebrarem a sua fé com dignidade. Apesar da integração na sociedade portuguesa, o Pe. Delmar aponta a importância de preservar tradições e o encontro e partilha nas suas comunidades. O Patriarcado de Lisboa “teve uma visão aberta” ao acolher e disponibilizar as suas igrejas para os cultos segundo as tradições. “Deu-se todo o apoio”, independentemente da “sua nacionalidade”, aponta o Director do Sector da Pastoral da Mobilidade do Patriarcado de Lisboa, frisando que dentro da Igreja não há nacionalidades. À semelhança do que acontece com a normal integração dos imigrantes nas escolas e nos empregos, “o mesmo deve acontecer nos espaços religiosos”. O cristão “é um cidadão do mundo”, aponta, acrescentando não haver melhor gesto cristão “que o receber e proporcionar os espaços”. Participando numa igreja e comunidade portuguesa, “é normal que os imigrantes se sintam sós”. A partilha da mesma celebração é um factor de conforto, convívio e partilha. “Cada Domingo é uma pequena Páscoa”, refere o Pe. Delmar Barreiros para explicar como vive o Natal entre as duas celebrações. “O Natal é sempre o Natal”, acrescenta, frisando ser muito interessante perceber cada cultura, e partilhar os seus ritos. A nível pessoal aponta ser “um enriquecimento participar nesta diversidade de celebrações para festejar a mesma realidade”, afirmando no entanto que não celebra um Natal diferente, apenas “com uma liturgia diferente”. A nível social é mais difícil aceitar o calendário juliano. O ideal seria que os praticantes do rito bizantino pudessem, à semelhança dos católicos, “gozar o feriado respectivo, para celebrar inteiramente este dia festivo”, aponta. Calendário juliano É um calendário solar criado em 45 a.C. pelo imperador romano Júlio César para trazer os meses romanos ao seu lugar habitual em relação às estações do ano, confusão gerada pela adopção de um calendário de inspiração lunissolar. César impõe 12 meses com duração predeterminada e a adopção de um ano bissexto a cada 4 anos. No ano da mudança, para fazer a concordância entre o ano civil e o ano solar, ele inclui no calendário mais dois meses de 33 e 34 dias, respectivamente, entre Novembro e Dezembro, além do 13º mês, o “mercedonius”, de 23 dias. O ano fica com 445 dias distribuídos em 15 meses e é chamado “o ano da confusão.” Esse calendário, que tem um desfasamento de 13 dias em relação ao nosso, começa a ser substituído pelo calendário gregoriano a partir do século XVI – a Rússia e a Grécia só fazem a mudança no século XX.

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