Vaticano: Papa pede ação «urgente» para travar efeitos das alterações climáticas

Francisco lembra vítimas de cheias e ondas de calor, evocando ainda dramas no Mediterrâneo e guerra na Ucrânia

Foto: LUSA/EPA

Cidade do Vaticano, 23 jul 2023 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje a uma ação “urgente” perante os eventos climáticos “extremos” das últimas semanas, que provocaram ondas “anómalas” de calor, incêndios “devastadores”, inundações e de deslizamentos de terra.

“Por favor, renovo o meu apelo aos responsáveis das nações, para que se faça algo de mais concreto para limitar as emissões poluentes. É um desafio urgente, que não se pode adiar. Diz respeito a todos: protejamos a nossa casa comum”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação do ângelus.

Francisco recordou a situação na Coreia do Sul, onde na última semana dezenas de pessoas morreram na sequência de cheias e deslizamentos de terra, após três dias de mau tempo no país.

“Estou próximo de quantos sofrem e dos que estão a assistir as vítimas e deslocados”, disse.

Perante cerca de 20 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa quis chamar a atenção para o “drama que continua a acontecer com os migrantes na parte setentrional da África”.

“Milhares de pessoas, entre sofrimentos indescritíveis, estão presas e abandonadas há semanas em áreas desérticas”, alertou.

Francisco dirigiu-se especificamente aos chefes de Estado e Governo europeus e africanos, pedindo que “se preste um socorro urgente e assistência a estes irmãos e irmãs”.

“Que o Mediterrâneo não seja nunca um teatro de morte e desumanidade. Que o Senhor ilumine as mentes e os corações de todos, suscitando sentimentos de fraternidade, solidariedade e acolhimento”, apelou.

Na última sexta-feira, o Papa tinha recebido uma delegação do “Mediterranea Saving Humans”, associação italiana de promoção social que resgata náufragos no Mediterrâneo, que incluía um jovem refugiado dos Camarões, antigo prisioneiro nos campos de detenção da Líbia:

Bentolo deixou o seu país natal em 2020, apresentando ao Papa o seu testemunho pessoal, tendo ainda recordado os muitos migrantes que acompanhou nos momentos finais de vida.

Francisco viu uma imagem que simboliza o sofrimento de muitas pessoas na Líbia e na Tunísia: uma mulher, com a filha de 5 anos, que morreu de calor e sede, no deserto.

Foto: LUSA/EPA

Ainda esta manhã, o Papa evocou a cidade ucraniana de Odessa, atingida na última noite por 18 mísseis russos.

“Continuemos a rezar pela paz, de modo especial pela querida Ucrânia, que continue a sofrer com mortes e destruição, como infelizmente aconteceu ainda esta noite, em Odessa”, disse.

OC

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Agência ECCLESIA

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