Não proteger a Família é fragilizar a Paz

No primeiro dia do ano, em que se celebra precisamente o Dia Mundial da Paz, o Bispo do Algarve deixou um apelo à construção daquele dom, que considerou directamente relacionado com uma sã vivência familiar. Na homilia que proferiu na celebração da Eucaristia a que presidiu ontem no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente invocada como a Mãe Soberana, em Loulé, D. Manuel Quintas defendeu que “a Paz começa a construir-se na própria Família” e que esta é a “primeira escola de educação e para a vivência da Paz”. Com base na mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz, uma iniciativa que se perpetua desde 1968 quando iniciada pelo então Papa Paulo VI, o Bispo diocesano sublinhou a ligação entre Família, Sociedade e Paz. “Não proteger a Família é fragilizar a Paz”, observou D. Manuel Quintas, a propósito da mensagem de Bento XVI, este ano intitulada “Família humana, comunidade de Paz”. “Todos os atentados contra a Família, de alguma maneira, são atentados contra a Paz porque esta começa precisamente no interior das Famílias”, complementou o Bispo do Algarve, citando o documento pontifício: “Numa vida familiar sadia experimentam-se alguns complementos fundamentais da Paz”. “O Papa diz-nos que aquele ambiente que deve caracterizar as Famílias deve ser alargado sempre mais”, destacou o Bispo diocesano, defendendo que “o fundamento das relações familiares”, ou seja, “o amor, a ajuda mútua, a compreensão, a capacidade de acolhimento e de perdão, a atenção particular para com quem mais precisa – crianças, doentes e idosos” devia “ser escola e alargar-se sempre mais à humanidade, de maneira que a partir daí crescesse em todos este contributo para a construção da Paz”. Sublinhando a contribuição dada há 40 anos pelas diferentes mensagens pontifícias, através de diversos temas, D. Manuel Quintas destacou a Paz como um dom sem o qual não é possível viver de maneira harmoniosa a própria vida. O Prelado aproveitou o contexto para, com base nas leituras escutadas, apelar à identificação com Deus. D. Manuel Quintas exortou os presentes a que a sua vida “reflicta sempre a face de Deus”. “Que tudo aquilo que somos e fazemos seja expressão da presença de Deus na nossa vida. Que tudo aquilo que somos fale aos outros de Deus. Se Deus é amor, que a nossa vida, gestos e atitudes sejam expressões visíveis desse amor que Deus nos tem e que partilhamos e vivemos com os outros, amor com o qual qualificamos todas as nossas atitudes e gestos. Que o teu olhar se cruze sempre com o olhar de Deus. Que te sintas sempre protegido por Deus”, invocou D. Manuel Quintas. Olhando para mundo, o Bispo do Algarve lamentou ausência de Paz em muitos contextos. “Já nos sentimos cansados com as notícias que nos chegam, sempre dos mesmos países e dos mesmos povos. Sentimo-nos frágeis e quase impotentes e perguntamo-nos: porquê? Será que, com a capacidade que temos e que Deus nos deu não conseguimos ultrapassar estas situações? O que é que nos falta? O que é que temos de fazer?”, interrogou o Bispo do Algarve, salientando que o esforço para a construção da Paz diz respeito a todos e não apenas aqueles que governam e que estão à frente das nações. “Ficamos desconcertados quando verificamos que, em vez dos caminhos e objectivos de Paz e do serviço ao Homem e ao progresso da humanidade, aquilo que preside a tantas decisões não é isso, mas antes a economia, o progresso e o enriquecimento de alguns, sobretudo em países que têm reservas que daria para viverem de uma maneira desafogada”, confessou. A terminar, no dia em que a Igreja celebrava simultaneamente a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, D. Manuel Quintas invocou no Santuário mariano de maior expressão no Algarve, a bênção de Deus e a protecção maternal de Maria sobre todas as Famílias, particularmente as da diocese do Algarve, “para que sejam escolas de aprendizagem do amor e da Paz”. “Apesar do nosso esforço, sem a ajuda de Deus e sem a presença do Espírito, não temos capacidade para construir a Paz como o mundo precisa, como Deus quer e como nós desejamos também”, concluiu. Samuel Mendonça

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