Mais Política Americana no Cinema

Em apenas um mês são três os filmes estreados sobre a política americana em relação à guerra. Iraque e Afeganistão são os teatros de operações; o contraste entre o pensamento do cidadão médio e a política adoptada o ponto de análise. Depois de “Peões em Jogo” e “Censurado” chega agora “Jogos de Poder”, menos debruçado sobre a guerra e mais sobre os que, nos Estados Unidos, controlam o seu desenvolvimento. Partindo de um caso real, “Jogos de Poder” descreve uma fase da carreira do senador Charlie Wilson, que de uma forma habilidosa e bem fundamentada leva o Congresso a multiplicar sucessivamente as verbas confidenciais de apoio aos afegãos para combaterem a invasão soviética, que arrasa o país. Sob o ponto de vista político-militar é interessante a referência a inversão da supremacia na área de combate quando é reforçado o apoio americano, permitindo fazer frente ao poder de fogo aéreo dos soviéticos. Mas, bem mais importante, é a referência final à subida da influência dos talibã, criando um inimigo menos concreto e bem mais difícil de combater. Não basta já o poder de fogo, mas torna-se indispensável a colaboração das populações, divididas em clãs de difícil coordenação. O importante é a denúncia dos interesses nos bastidores que, se por um lado resolvem os problemas do momento, por outro deixam em aberto a possibilidade de criação de situações mais complicadas que aquelas que resolvem. O comportamento devasso do senador Charlie Wilson e os apoios que encontra em meios mais que suspeitos marcam o tom de uma política pouco preocupada com a verdadeira solução dos problemas, mas virada sobretudo para a obtenção de posições de relevo e vantagens pessoais da mais diversa ordem. Não se atinge o brilhantismo possível com um realizador como Mike Nichols e actores como Tom Hanks e Julia Roberts, mas fica feita uma rigorosa análise política. Francisco Perestrello

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