Menino de Belém não pode governar neste mundo

«O mundo actual não está preparado para ser governado pelo Menino que nasceu no estábulo de Belém». Esta é a convicção profética de D. António Couto, Bispo Auxiliar de Braga, afirmada ontem durante a Festa de Natal do clero da Arquidiocese. O encontro, que incluiu uma acção de formação sobre o Evangelho segundo São Mateus, decorreu no auditório do Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, terminando com o almoço-convívio. Justificando aquela afirmação, D. António Couto disse que «este mundo está impregnado de artimanhas, astúcias, violências, guerras e exércitos», tornando-se impossível que o Menino conduza o destino do mundo. Atirou, ainda, com ironia: «Nem mesmo o mundo dos padres pode ser guiado por Ele», num claro desafio à mudança de mentalidades que mais não é do que conversão, no seu entender. Para este especialista bíblico, «a Escritura aponta para um mundo pacificado que deve ser guiado pela bondade, simplicidade, ternura, paz e amor». Disse que «o Evangelho não é um livro», mas sim o «anúncio feliz da ressurreição de Jesus ». Justificando a centralidade da ressurreição, demonstrou como o restante texto é apenas relato que está em função do anúncio principal. Dessa forma, «a ressurreição marca o fim do relato mas também desencadeia o seu início». Usando a analogia do relato futebolístico, asseverou que «o mais importante é o anúncio, a ressurreição» e, por isso, «quem não recebe esta feliz notícia não a pode relatar nem transmitir». A partir das parábolas, declarou que o Reino de Deus surge não abruptamente mas «com pausa e bemol», isto é, «com paciência e baixinho». Depois, o bispo desafiou os muitos sacerdotes presentes a não se preocuparem com estatísticas e números. «O Reino é pequenino, como grão de mostarda, mas cresce e faz crescer, como o fermento». Por sua vez, D. Jorge Ortiga, que presidiu à oração de Laudes, deu o mote para o encontro: «que seja uma oportunidade para parar e pôr de lado as preocupações pessoais e pastorais». Convidou, também, a receber, com disponibilidade, o itinerário evangélico de São Mateus para depois, nas comunidades, o poder relatar e transmitir, com fidelidade e convicção, aos cristãos.

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